Foto: Cristiano Mariz/VEJA
A recente disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados relembra o destino de Rodrigo Maia, que saiu da política dois anos após deixar a liderança de uma das cadeiras mais importantes da República. Aliados de Arthur Lira (PP-AL) consideram o desfecho de Maia como resultado de uma série de erros cometidos pelo deputado fluminense.
De acordo com pessoas próximas a Arthur Lira, um dos principais equívocos de Maia, que presidiu a Câmara de julho de 2016 a fevereiro de 2021, foi o anúncio tardio, no fim de dezembro, do nome que ele apoiaria para sucedê-lo, apenas um mês antes da disputa. Na época, Maia esperava a decisão do Supremo Tribunal Federal para concorrer novamente, justificando a demora. Com a negativa do STF, ele lançou a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP).
Estratégia de Lira
Esse histórico é usado para justificar a estratégia de Arthur Lira de anunciar, já em agosto deste ano, o nome do deputado que terá seu apoio na eleição para o comando da Câmara em fevereiro de 2025. A ideia é que os congressistas saibam dessa definição antes de retornar às suas bases, onde se concentrarão na eleição municipal deste ano.
Além disso, o esforço visa consolidar o candidato, ampliar alianças e resolver insatisfações de deputados que esperavam ser escolhidos. Atualmente, os principais candidatos são Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA). Deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) e Doutor Luizinho (PP-RJ), aliados fiéis de Lira, também estão na lista de possíveis candidatos.
Arthur Lira pretende eleger um sucessor próximo para manter sua influência e poder na Câmara. Em 2026, Lira planeja disputar uma cadeira no Senado, enquanto trabalha para eleger um de seus filhos para a Câmara.
O declínio de Rodrigo Maia é frequentemente lembrado em discussões sobre o futuro de Arthur Lira. Durante sua presidência na Câmara, Maia era visto como um potencial candidato à Presidência da República em 2022. No entanto, sem a liderança da Câmara, Maia voltou a ser um deputado comum, rompeu com seu partido (DEM), assumiu uma secretaria no governo de São Paulo e acabou sem disputar a eleição de 2022, ficando sem mandato. Atualmente, ele é presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras.