O que deveria ser apenas mais um dia de trabalho nas filmagens do filme “Maria das Dores”, destinado ao streaming da RedeTV!, acabou se transformando em uma situação inusitada na quarta-feira (29/5), na zona oeste do Rio de Janeiro.
Os atores estavam gravando uma cena de assassinato na Ilha da Gigoia, localizada na Barra da Tijuca. Nessa cena, um dos atores utilizava uma arma cenográfica para simular o homicídio de uma personagem. No entanto, a verossimilhança da cena foi tão impressionante que os moradores da região acreditaram que se tratava de uma situação real e decidiram acionar a polícia.
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Após concluírem as filmagens e tentarem deixar a ilha (que só é acessível por barco), todos os envolvidos foram abordados por policiais militares. Estevão Capellani, o ator que interpretou o “criminoso armado”, concedeu uma entrevista exclusiva à coluna de Fábia Oliveira/Metrópoles e compartilhou detalhes sobre o ocorrido.
“Na cena, eu pegava uma arma de brinquedo e ‘assassinava’ uma colega. Para minha surpresa, o impacto da encenação foi tão real e impactante que as pessoas ao redor acreditaram que fosse uma situação genuína e chamaram a polícia”, relatou Estevão.
Ele continuou: “Os policiais me pediram para encostar na parede, pois precisavam fazer uma revista e perguntaram onde estava a arma. Foi nesse momento que percebi o mal-entendido. Expliquei que era ator e que tínhamos acabado de filmar uma cena com uma arma cenográfica. Embora tenha me sentido um pouco constrangido, não culpo os policiais, pois estavam apenas cumprindo seu dever.”
Estevão refletiu sobre a situação: “Acredito que existem dois pontos de vista aqui. Primeiro, o impacto da minha atuação convincente, que fez com que as pessoas reagissem automaticamente como se fosse real. Segundo, a sociedade está tão acostumada a ver violência, negatividade e notícias ruins que qualquer sinal de ameaça é interpretado de forma automática.”
Ele acrescentou: “As pessoas podem pensar: ‘Ah, o cara está apontando algo’. Pode ser até um cabo de vassoura, e ainda assim, suspeitam de agressão. Infelizmente, o medo está profundamente enraizado em nossa sociedade.”
Estevão também mencionou a falta de investimento cultural na região: “Seria positivo investir mais na cultura local. A ilha é linda, e a população poderia abraçar mais a arte e investir nela. A arte enriquece e transforma a vida das pessoas, especialmente em uma sociedade que muitas vezes se sente refém do medo e da violência.”
Após o mal-entendido ser esclarecido, os agentes de segurança posaram para uma foto com a equipe de filmagem, encerrando o episódio de forma amigável.
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal