Edu Garcia/R7 e @elianmatte no Instagram
A Justiça de São Paulo determinou na última sexta-feira (23) que a Record recontrate o jornalista Elian Matte, que atuava como editor de programas apresentados pelo jornalista Roberto Cabrini.
No mês passado, Matte foi demitido de forma irregular, segundo as advogadas Blaine Alves e Sandra Pereira Cacciatore, que o defenderam na ação. O jornalista estava afastado do trabalho por “esforço excessivo”, conforme reconhecido pelo INSS.
Matte denunciou, em novembro de 2023, o diretor de Recursos Humanos da emissora, Márcio Santos, por assédio moral e sexual. Em abril, a polícia civil de São Paulo indiciou o diretor por assédio.
O F5 teve acesso à decisão de reintegração de Matte, proferida pela 31ª Vara do Trabalho de São Paulo. A Record tem até 10 dias, após ser notificada, para recontratá-lo. Caso se recuse, a empresa pagará uma multa diária de R$ 100 mil.
O caso de assédio foi revelado pela revista Piauí. Elian Matte alega que as investidas começaram em 2022, após ser transferido para a equipe de Cabrini. Segundo Matte, Santos passou a convidá-lo para reuniões em sua sala e, na terceira reunião, em novembro de 2022, o diretor de RH fez perguntas pessoais, indo além de assuntos profissionais.
A partir desse ponto, as conversas migraram para o WhatsApp. De acordo com Matte, Santos insistia em encontros fora do trabalho, enviando mensagens de cunho sexual. Prints das conversas foram anexados ao boletim de ocorrência.
Matte também alegou que Santos o observava através do sistema de câmeras do circuito interno, ao qual os diretores têm acesso por meio de um aplicativo de celular.
O jornalista procurou ajuda psicológica e foi diagnosticado com burnout pela equipe médica da própria Record. A revista Piauí relatou que a médica teria alterado o laudo do atestado por medo de ser demitida. Ela deve prestar depoimento à polícia nesta semana, segundo apurou o F5.
Durante esse período, Matte também fez denúncias internas na Record. Ele solicitou uma reunião com Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo, relatando o assédio sem mencionar Santos. Enviou um e-mail para Luiz Claudio da Silva Costa, presidente da emissora, que nunca foi respondido.
Em uma terceira tentativa de denúncia, Matte mencionou nominalmente o suposto assediador em um e-mail enviado a Silva Costa, com cópia para Marcus Vieira, CEO do Grupo Record. Dias depois, foi chamado para uma reunião com Edinomar Galter, diretor jurídico da Record, e foi orientado a registrar um boletim de ocorrência, esquecer o que aconteceu e focar no trabalho.
Márcio Santos alegou que tudo não passou de “brincadeiras” com Matte e afirmou ser vítima de uma mentira. Ele foi afastado do cargo de diretor pela Record e proibido de frequentar a Igreja Universal do Reino de Deus.
Procurada pelo F5, a Record não se pronunciou sobre o assunto.