A air fryer, com sua capacidade de fritar alimentos sem óleo, conquistou o coração dos brasileiros como um dos eletrodomésticos mais queridos. No entanto, ainda pairam dúvidas sobre a segurança dos alimentos preparados nessa fritadeira elétrica de ar quente e os possíveis riscos à saúde.
Em essência, a air fryer é apenas mais um método de preparo de alimentos, semelhante a assar no forno, fritar em uma fritadeira convencional ou aquecer no micro-ondas. A diferença está no sistema que aquece e circula o ar em altas temperaturas no interior do aparelho.
A preocupação com o uso da air fryer se assemelha à falsa ideia de que o micro-ondas é cancerígeno devido à radiação usada no aquecimento. No entanto, é importante destacar que a air fryer utiliza radiação não ionizante, que não representa risco à saúde.
Mas e a comida preparada na air fryer? Ela pode ser prejudicial? Na verdade, depende do tipo de alimento e dos ingredientes utilizados. O aparelho em si é seguro. Por exemplo, ao preparar uma porção de batata frita sem óleo, o resultado final será menos calórico do que a versão tradicional, pois o óleo é uma fonte significativa de calorias.
Além disso, o consumo excessivo de certos tipos de óleo e gordura vegetal hidrogenada (gordura trans) está associado a problemas cardíacos. Portanto, em muitos casos, a comida feita na air fryer é mais saudável.
A limpeza da air fryer é fundamental, assim como a do fogão e do micro-ondas. Restos de alimentos não devem ser deixados no cesto, pois podem cultivar patógenos que causam intoxicação alimentar e bactérias que provocam diarreia.
Outro cuidado importante é evitar danos ao material antiaderente da air fryer. Utensílios emborrachados são recomendados para proteger essa camada interna. Um estudo australiano mostrou que arranhões no material antiaderente podem liberar microplásticos e nanoplásticos, cujos efeitos na saúde humana ainda são desconhecidos.
E quanto à relação entre air fryer e câncer? Embora não haja estudos científicos que comprovem essa ligação, é válido considerar que, durante o preparo, a comida é exposta a temperaturas superiores a 120°C. Nesse contexto, alimentos ricos em aminoácidos e açúcares geram uma molécula chamada acrilamida. Essa substância, quando transformada em um composto intermediário chamado glicidamida, pode ter potencial genotóxico e contribuir para processos cancerígenos. No entanto, doses específicas e períodos de exposição são determinantes nesse cenário.
O processo relacionado à acrilamida também ocorre em diferentes métodos de preparo de alimentos em altas temperaturas, como a fritura convencional e o torrar.
É justo reconhecer que quase todo método de cozimento apresenta algum potencial risco à saúde, embora geralmente seja baixo o suficiente para ser considerado “aceitável”. Por exemplo, o gás de cozinha usado em fogões pode liberar benzeno no ar, um químico conhecido por ser potencialmente cancerígeno. Portanto, é essencial equilibrar os riscos e benefícios ao escolher como preparar nossas refeições.
Com informações de Science of The Total Environment