No último dia 18, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) postou no X uma pergunta direta a Elon Musk: “Alguma novidade? Estamos ansiosos e esperançosos com os próximos capítulos da luta pela nossa liberdade de expressão no Brasil.” Essa questão, que recebeu mais de 18 mil curtidas, tem sido repetida por diversos usuários da plataforma, todos intrigados com o repentino silêncio do bilionário em relação à atuação do Judiciário brasileiro.
Em abril deste ano, após a divulgação do “Twitter Files Brasil” – que revelou um suposto esquema de cumplicidade à margem da lei entre os tribunais superiores brasileiros e o Twitter/X na censura a usuários –, Elon Musk fez críticas incisivas ao ministro Alexandre de Moraes, figura central do Judiciário brasileiro. Na época, Musk tornou-se a principal esperança da direita brasileira na luta por essas causas no país, causando temor na esquerda quanto às consequências internacionais da perpetuação dos casos.
No entanto, há quase um mês, o empresário não aborda mais o tema. Seu último tuíte com alguma referência à situação foi em 3 de maio, quando comentou o anúncio de uma entrevista com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Spaces, plataforma de lives do X, escrevendo: “Se você concorda com Bolsonaro ou não, o povo brasileiro tem o direito de ouvi-lo falar.”
Desde então, Musk fez menções ao Brasil para pedir doações às vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul, mas não se pronunciou sobre o Judiciário do país.
Os questionamentos sobre o silêncio de Musk são fruto da expectativa que ele próprio criou na direita brasileira. Quando começou a falar sobre a situação do país, o empresário prometeu confrontar decisões judiciais e reativar as contas retidas de jornalistas e influenciadores censurados pelo Judiciário, ignorando ordens ilegais da Justiça brasileira. Suas ameaças foram tão incisivas que ele acabou sendo incluído no inquérito das fake news conduzido por Moraes. Especulou-se que a derrubada do X no Brasil seria apenas uma questão de tempo.
No entanto, até agora, Musk não cumpriu algumas dessas promessas. As contas de jornalistas como Allan dos Santos, Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Ludmila Lins Grilo continuam inacessíveis no país, a não ser com o uso de VPN.
Enquanto estava mais ativo na causa, Musk respondia a mensagens de cidadãos brasileiros menos populares no X e compartilhava postagens de parlamentares e influenciadores preocupados com a situação do país. Nos últimos dias, até mesmo o apelo do deputado mais votado do Brasil, Nikolas Ferreira, foi ignorado.
Além disso, o empresário não se manifestou sobre as recentes críticas do ministro Luís Roberto Barroso, publicadas no jornal britânico Financial Times. Segundo o magistrado, existe uma “articulação de extrema-direita no mundo” da qual Musk poderia fazer parte.
Embora haja a possibilidade de que Musk tenha recuado ou simplesmente mudado de interesse, outra hipótese plausível é que o empresário esteja agindo com cautela para solucionar a situação dos funcionários do X no Brasil.
Em 8 de abril, quando o assunto estava em alta, Nikolas Ferreira enviou uma mensagem a Musk, solicitando mais informações sobre uma possível manipulação eleitoral no Brasil. Em resposta, Musk destacou a necessidade de garantir a segurança de seus funcionários no país antes de divulgar qualquer informação adicional sobre o caso.
O silêncio de Musk pode estar relacionado a uma estratégia cuidadosa para proteger sua equipe e abordar a questão de maneira responsável. A situação permanece intrigante e levanta questionamentos sobre o papel do empresário na defesa da liberdade de expressão no Brasil.