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Seja com o propósito de aliviar dívidas em aberto ou alavancar a estratégia de crescimento de uma empresa, as linhas de financiamento seguem como grandes aliadas dos empreendedores e proprietários de micro e pequenos negócios, também chamados de PME.
Para aqueles que estão em início de jornada, contudo, a aprovação de crédito pode ser um processo repleto de dúvidas e pouca assertividade, já que uma empresa em estágio inicial pode não ter garantias a oferecer como comprovação de sua capacidade de pagamento.
Para essas companhias, a aprovação de um empréstimo depende também de uma série de estágios que antecedem o pedido de crédito em si, e que devem começar por uma preparação cautelosa de documentos e comprovações financeiras.
Para auxiliar empreendedores em busca de crédito para alavancar seus negócios, Francisco Ferreira, CTO e CPO na Open Co (detentora da marca BizCapital) e Lucas Conrado, head jurídico e de relações institucionais do fundo de impacto social para pequenos empreendedores Estímulo, separam dicas para ampliar as chances de obter linhas de financiamento para sua PME.
Preparação em primeiro lugar
O ponto de partida, segundo os especialistas, está na busca por pendências em seu histórico de pagamentos. Segundo Francisco, muitas empresas desconhecem a existência dessas pendências graças à ausência de pesquisas prévias em birôs de crédito como SPC e Serasa, por exemplo.
“É muito comum ver empresas que não sabiam que tinham pendências, mas têm. O histórico de crédito é fundamental nesse processo”, diz.
O primeiro passo para empreendedores que buscam pela aprovação de crédito sem garantias é, portanto, a confirmação de que possuem um bom histórico na praça — o que é válido tanto para o proprietário quanto para os sócios.
Garantir que não haja nenhuma pendência prévia é fundamental para conseguir não apenas a aprovação do crédito, mas taxas e condições de pagamento mais vantajosas, defende.
“Com essa simples varredura é possível estimar a temperatura de como a instituição financeira vai enxergar a sua empresa”, diz.
Mantenha suas demonstrações financeiras em dia
Apesar de compreenderem certas particularidades durante o processo de concessão de linhas de crédito, instituições financeiras costumam manter um certo padrão de análise — o que pode servir de ponto de partida para empreendedores em vias de se preparar para um pedido de financiamento.
Em todo caso, é válida a separação de documentos capazes de comprovar as movimentações financeiras mais recentes da PME. Entre eles estão notas fiscais emitidas e comprovantes de transações bancárias.
“O que toda instituição financeira vai olhar, no final do dia, é a capacidade de pagamento. E isso está diretamente ligado à receita”’, diz Ferreira. “Quanto mais formalizada e organizada sua empresa está, maiores as suas chances”.
No caso do Estímulo, que assume o papel de fundo social com linhas que vão de R$ 100 mil a R$ 400 mil reais, as exigências tendem a ser um pouco mais brandas, mas ainda consideram os dois tipos de critérios acima — sobretudo o histórico de crédito — segundo Conrado.
Defina seu plano de negócio
Elemento central em um pedido de crédito bem-sucedido, o planejamento de negócios também deve ser considerado. Para Conrado, empreendedores devem ter em mente a importância da organização e da aplicação do capital que estão buscando.
“A primeira avaliação é se o crédito vai ser bom ou ruim para o negócio”, diz.
De acordo com o especialista, as motivações para o pedido de financiamento devem estar ligadas ao crescimento do negócio ou, ainda, com a renegociação de dívidas para trazer algum alívio ao caixa.
“Empréstimo bom é aquele que vem para investimento no negócio, capital de giro e tudo que pode beneficiar e trazer mais eficiência ao negócio”, diz.
Deixar de lado a busca por crédito de forma intuitiva, algo comum entre as PMEs, pode tornar o empréstimo em um investimento, afirma, já que o valor poderá ser aplicado para inovação em vendas, na marca, no estabelecimento comercial ou até mesmo ser usado como capital de giro.
“Quando se tem uma visão clara sobre o uso daquele crédito e uma demonstração precisa e atualizada, isso vai permitir que o empreendedor avalie melhor a necessidade, ou não, do crédito — que pode ser prejudicial em muitos casos”, afirma.
Quando optar pelo crédito sem garantia?
A principal diferença entre o crédito com e sem garantia está na alienação de bens. Quando colocados na equação, bens imóveis, como terrenos, automóveis e imóveis, são considerados garantia das condições de um empreendedor pagar por determinada dívida.
Além desses, garantias flexíveis, como os recebíveis de cartão de crédito, também se tornaram uma realidade comum entre as PMEs em busca de crédito.
A incursão de uma garantia vinculada ao pedido de crédito pode ser vantajosa ao reduzir taxas e oferecer prazos mais flexíveis para pagamento.
“É possível equalizar melhor a dívida, na maioria das vezes”, afirma Ferreira.
Contudo, é preciso destacar que a garantia vinculada a imóveis está sujeita à avaliação do valor de mercado de cada um dos itens. Por isso, estar com os documentos dos bens organizados é indispensável.
Já o crédito sem garantia tende a apresentar um processo um pouco mais simples, afirmam os especialistas, por considerar apenas as condições de pagamento da empresa com base em seu histórico financeiro. No caso de crédito com garantia, recomenda, a organização também se aplica.
Ao considerar o crédito com garantia, Ferreira, da BizCapital, destaca a importância da organização financeira para pagamentos feitos no prazo.
“Se há um bem para colocar ali como garantia, o banco instintivamente vai se importar menos com a capacidade da empresa de pagar aquela dívida. Por isso, cabe ao empreendedor essa priorização e organização”.
A escolha por uma linha de crédito também depende de uma densa pesquisa prévia. Nela, o empreendedor deve avaliar as taxas disponíveis no mercado, considerando não apenas os juros incluídos ali, mas o custo efetivo total (CET) do empréstimo.
Algumas instituições também exigem contratação de seguros e taxas de abertura de conta, por exemplo.
“É necessário avaliar as condições do crédito como um todo”, diz Conrado.
Também é preciso escolher parcelas que cabem no bolso, evitando contrair dívidas com expectativa de retorno a curto prazo.
Por fim, recomenda Conrado, é preciso estar atento às entrelinhas. Para isso, a recomendação é se valer de pesquisas sobre a instituição.
“Desconfie de operações que exigem pagamento antecipado. Sempre pesquise sobre a reputação da instituição e leia avaliações de clientes. Isso é fundamental”, conclui.