Em um e-mail enviado a sindicatos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos rejeitou continuar as negociações por reajuste salarial dos professores federais, atualmente em greve, e exigiu a assinatura de um acordo até segunda-feira, 27 de maio.
“O governo apresentou a sua proposta final […] não restando, portanto, margem para a recepção de novas contrapropostas”, afirmou o ministério na mensagem distribuída na terça-feira, 21 de maio.
A resposta foi dirigida ao Andes (Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior), que na segunda-feira, 20, decidiu manter a paralisação.
“Autoritarismo”
Em um texto publicado em seu site, o Andes reagiu, afirmando que o e-mail “reforça o autoritarismo e a ameaça à greve de docentes federais”. Segundo o sindicato, o e-mail do Ministério destaca a interrupção unilateral das negociações caso a proposta não seja aceita:
“A mensagem, autoritária, ataca novamente o direito de greve dos docentes da Educação Federal, assim como o MGI já tentou fazer em 19 de abril. Na ocasião, na mesa de negociação com a bancada sindical, os representantes do governo apresentaram um termo que condicionava a continuidade das negociações ao encerramento das greves. Após denúncia das entidades sindicais, o ataque foi retirado. Ao afirmar que não há margem para novas contrapropostas, o governo interrompe unilateralmente o processo de negociação”, diz o comunicado do Andes.
A proposta do ministério, enviada no dia 15, prevê um reajuste de 4,5% ao ano para 2025 e 2026. Os servidores, entretanto, pedem aumento já a partir deste ano, solicitando uma readequação de 7,06% em 2024, 9% em janeiro de 2025, e 5,16% para 2026.
“Imensa intransigência”
Para Gustavo Seferian, presidente do Andes, o governo federal demonstra “imensa intransigência” nas negociações. “Nós queremos negociar e, caso a base da categoria entenda por apresentar uma nova contraproposta, será essa nossa ação no dia 27 de maio”, afirmou, relativizando o ultimato dado pelo ministério de Esther Dweck.
Os membros do sindicato avaliam que a postura de Brasília fortalece o movimento grevista e enfraquece o discurso pró-educação da administração petista.
Professores de universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais das cinco regiões do país iniciaram a greve no dia 15 de abril. Além da recomposição salarial, eles exigem investimentos nas instituições.