A fibrilação atrial, uma condição cardíaca comum que aumenta o risco de acidente vascular cerebral, está afetando cada vez mais a saúde de pessoas com menos de 65 anos.
Por muito tempo, especialistas acreditavam que essa doença, que provoca um tipo de batimento cardíaco irregular, ocorria principalmente em indivíduos com 65 anos ou mais. No entanto, novas pesquisas conduzidas por Aditya Bhonsale, um eletrofisiologista cardíaco do centro médico da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, revelaram que quase um quarto dos mais de 67 mil pacientes tratados no centro possuía menos de 65 anos. Essas pessoas apresentavam um risco aumentado de mortalidade em comparação com aquelas sem a condição. Além disso, muitas delas tinham fatores de risco associados à doença, como pressão alta, obesidade e apneia do sono, que podem agravar os problemas cardiovasculares.
Na fibrilação atrial, as câmaras superior e inferior do coração não estão coordenadas adequadamente, resultando em um ritmo cardíaco caótico. Os sintomas incluem palpitações e batimentos cardíacos irregulares. Alguns pacientes têm episódios ocasionais, enquanto outros vivenciam continuamente essa irregularidade, muitas vezes sem perceber que têm a condição.
Cada vez mais, os pacientes buscam atendimento médico porque seus smartwatches detectam batimentos cardíacos irregulares. Isso pode explicar por que os diagnósticos estão ocorrendo em pessoas mais jovens, conforme observado por Hugh Calkins, professor de cardiologia da faculdade de medicina Johns Hopkins. Quanto mais monitoramos, mais casos identificamos.
O diagnóstico da fibrilação atrial geralmente envolve um eletrocardiograma, considerando o histórico médico e familiar. Em alguns casos, os pacientes recebem monitores portáteis para uso durante um mês, a fim de detectar irregularidades no ritmo cardíaco.
Essa condição pode levar à formação de coágulos no coração, que podem se deslocar até o cérebro e causar acidentes vasculares cerebrais (AVCs), mesmo em pacientes mais jovens. Além disso, a fibrilação atrial está associada a maior risco de declínio cognitivo, demência e insuficiência cardíaca.
Os fatores de risco para a doença estão aumentando entre adultos mais jovens, incluindo doenças cardíacas pré-existentes e diabetes. A apneia obstrutiva do sono também é um fator significativo, afetando quase um em cada cinco pacientes com fibrilação atrial. Essa condição, frequentemente não diagnosticada, está ligada a diversos problemas cardiovasculares.
Além disso, o consumo de álcool e o tabagismo (cigarros e vapes) também estão relacionados a um maior risco de desenvolver fibrilação atrial.
Embora o exercício físico, em geral, esteja associado a um menor risco de condições cardíacas, atividades de resistência extrema, como maratonas e triatlos, também podem desencadear fibrilação atrial, de acordo com Calkins.
O tratamento da fibrilação atrial envolve acompanhamento médico para compreender os fatores que aumentam a probabilidade da doença ocorrer. Além disso, é importante garantir que pessoas com apneia do sono utilizem uma máquina CPAP e ajudar os pacientes a pararem de fumar. Em alguns casos, especialmente entre os mais jovens, os médicos recomendam um procedimento chamado ablação por cateter, que visa eliminar tecido cardíaco responsável pelos batimentos irregulares.
Profissionais também podem prescrever anticoagulantes para reduzir o risco de AVC, bem como outros medicamentos para controlar os sintomas. Entre esses medicamentos estão aqueles que regulam a frequência cardíaca, conforme mencionado por Knight. No entanto, é importante ressaltar que os fármacos “raramente eliminam a fibrilação atrial”. Os pacientes devem entender que essa condição é semelhante à pressão alta: requer gerenciamento contínuo.
Para quem foi diagnosticado com a condição, especialmente os mais jovens, Barnes sugere uma reflexão sobre os hábitos de vida. “Essa é uma excelente oportunidade para compreender o que pode ser feito para melhorar a saúde e reduzir as chances de problemas futuros”, afirma, concluindo com a ideia de que isso é quase como um “chamado de despertar”.