foto: ESB
Quase 400 mil brasileiros vivem legalmente em Portugal, de acordo com os dados mais recentes da Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA), órgão responsável pelas questões administrativas relacionadas aos imigrantes. Apesar de o país ter um custo de vida mais baixo em comparação com outros países europeus, Portugal, especialmente Lisboa, está longe de ser considerado barato para os padrões brasileiros.
“Portugal não é um país para enriquecer, mas sim para ter um estilo de vida mais tranquilo, com segurança, qualidade de vida e sem os excessos de consumo”, alerta a jornalista Larissa Faria, de 26 anos, que está fazendo mestrado em Turismo e reside em Lisboa desde setembro de 2022.
Para entender quanto custa viver na capital portuguesa, o InfoMoney conversou com três brasileiros que vivem na cidade e arredores, além de compilar informações da plataforma Numbeo, um dos maiores bancos de dados mundiais sobre custo de vida. Ao longo desta semana, iremos publicar uma série de reportagens com orientações sobre o custo de vida em Lisboa. Confira o que eles disseram sobre preços, facilidades e desafios enfrentados na região.
Afinal, quanto custa viver em Lisboa?
A resposta é: depende, principalmente, da localização escolhida para morar.
“O que mais impacta nos custos aqui é a moradia. Gastos básicos como supermercado ou transporte, por exemplo, são praticamente os mesmos em todas as regiões, sejam elas mais nobres ou populares”, explica Marleide Barcelos, 51 anos, proprietária de um salão de beleza em Oeiras, cidade metropolitana de Lisboa localizada a menos de 20 km da capital.
Salários
O salário-mínimo em Portugal atualmente é de 820 euros, e os trabalhadores possuem alguns direitos semelhantes aos garantidos pela legislação brasileira, como férias e auxílio-alimentação.
Em Lisboa, a faixa salarial média varia entre o salário mínimo até 1.200 euros, com valores um pouco mais altos para profissões ligadas à tecnologia.
De acordo com Vinícius Oliveira, analista de Quality Assurance (QA) de 38 anos, o salário bruto de um analista pleno na área é de 1.500 euros por mês quando contratado por uma consultoria.
“Falta mão de obra na área de TI em Portugal. No meu caso, fui contratado diretamente por uma empresa, mas geralmente as consultorias intermediam essas contratações, o que acaba reduzindo os salários. Além disso, temos os impostos, que consomem mais de 30% da remuneração”, explica.
Moradia
Os bairros centrais de Lisboa, como Alfama, Chiado ou Bairro Alto, com comércio e transporte público próximos, são os mais caros. Nestas áreas, o aluguel de um apartamento de um quarto custa em média 900 euros, podendo chegar a 1.000 euros em períodos de alta demanda.
Larissa reside em um apartamento de dois quartos na região da Marquês de Pombal, no centro de Lisboa, e divide o aluguel de 1.100 euros com uma amiga.
Já na área metropolitana, é possível encontrar alternativas mais em conta, como Loures, Almada, Amadora, Odivelas, Oeiras, Setúbal, entre outras. Esta foi a opção de Marleide Barcelos, que mora em Carcavelos, a 60 km do centro de Lisboa. Sua casa possui três quartos e dois banheiros, com aluguel de 1.500 euros.
Vinícius Oliveira comprou um apartamento em Odivelas, a 10 km do centro de Lisboa, onde reside com a esposa. A decisão de adquirir o imóvel foi influenciada pelos baixos juros para habitação.
O casal comprou o imóvel em 2021 por 230 mil euros. O apartamento, com 90 metros quadrados, dois quartos e elevador, foi adquirido com uma entrada de 10% e o restante financiado em 30 anos por um banco local.
Alimentação
Os gastos médios mensais de uma pessoa no supermercado em Lisboa variam entre 120 e 200 euros, dependendo dos hábitos de consumo e do estilo de vida.
“Com 200 euros por mês, consigo ter uma alimentação variada, incluindo itens além do básico, como chocolates e vinhos, por exemplo. Já o essencial fica em torno de 120 euros por pessoa”, diz Larissa.
Marleide, que faz compras para uma família de quatro pessoas, gasta em média 450 euros por mês. Quando compra no atacadista Recheio, o gasto cai para cerca de 300 euros.
Em relação a restaurantes e delivery, comer fora não é um hábito comum para a maioria dos portugueses, exceto por refeições rápidas ou lanches em padarias de baixo custo.
“A conta costuma ficar em média 200 euros quando saímos para jantar, incluindo um vinho. Já os almoços comerciais custam cerca de 15 euros na região central de Lisboa, e 10 euros na região metropolitana”, diz Vinícius.
O delivery é menos popular do que no Brasil, pois algumas opções podem ser bem mais caras. Larissa comenta que, assim como comer fora, pedir comida também é algo eventual em sua rotina.
Uma dica da estudante para quem mora próximo à Universidade de Lisboa é aproveitar o restaurante da instituição, onde é possível fazer uma refeição completa no refeitório com um menu saudável por cerca de 5 euros.
Transporte público
Em Lisboa, existe o Navegante, um cartão que pode ser recarregado de forma unitária ou mensal. Com 30 euros por mês, é possível utilizar todo o transporte público à vontade, incluindo metrô, trem, ônibus ou barco. Com 40 euros, é possível incluir a região metropolitana, como Cascais, Sintra e toda a Margem Sul.
“Pessoas acima de 65 anos pagam metade do valor do Navegante, e estudantes até 23 anos não pagam transporte público. Para os que cursam Arquitetura ou Medicina, o benefício vai até os 24