Foto: Marinha do Brasil
A celebração do lançamento do submarino Tonelero foi um evento grandioso, onde personalidades como Lula, Janja e Macron estiveram presentes. No entanto, o clima festivo logo deu lugar a preocupações financeiras quando, um dia depois, 83% dos recursos destinados ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha foram bloqueados. Isso teve um impacto direto na Itaguaí Construções Navais (ICN), que teve que demitir 200 trabalhadores engajados na construção dos submarinos. Essa situação é apenas um reflexo dos cortes e atrasos que têm afetado o programa, colocando em risco não apenas os prazos de entrega, mas também o desenvolvimento tecnológico do país.
A situação financeira detalhada mostra que dos R$ 3,1 bilhões programados para custeio e investimentos da Marinha, houve uma redução de R$ 466,8 milhões, afetando tanto os recursos de custeio quanto os destinados a investimentos. Esse corte se deu em duas etapas, o primeiro em março, seguido por uma decisão da Junta de Execução Orçamentária (JEO) do governo, que bloqueou R$ 446 milhões das despesas discricionárias do Ministério da Defesa, com quase metade desse valor sendo absorvido pela Marinha para cobrir os custos do Prosub.
A reunião extraordinária realizada pela Marinha discutiu as consequências desse bloqueio, enquanto o Naval Group, um dos parceiros da ICN, já temia novos cortes e atrasos desde 2023. O temor é que, caso o cenário atual persista, o fornecimento de material para a construção do último submarino convencional previsto pelo programa seja interrompido, e há o risco de atraso na construção da infraestrutura de apoio ao submarino nuclear, o Complexo de Manutenção Especializada.
Diante desse cenário, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, espera que os bloqueios sejam revistos na próxima reunião da JEO, em maio. No entanto, até o momento, não há previsão de revisão dos bloqueios. Enquanto isso, a Força Terrestre também enfrenta cortes em seus projetos estratégicos, e há uma luta interna na Defesa em relação à distribuição de investimentos entre as diferentes forças.
Essa batalha financeira não é apenas uma questão de orçamento, mas sim uma disputa que envolve o prestígio das instituições, o desenvolvimento tecnológico do país e a capacidade de defesa diante das crescentes ameaças no cenário internacional. A necessidade de garantir uma parcela do orçamento equivalente a 2% do PIB para as Forças Armadas se torna ainda mais urgente diante da intensificação da presença de potências extrarregionais no Atlântico Sul e das ameaças vindas de países vizinhos.