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O consumo abusivo de álcool é a causa de 3 milhões de mortes no mundo, sendo o principal fator de risco para morte prematura e incapacidade entre pessoas de 15 a 49 anos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Apesar disso, o consumo da bebida tem crescido substancialmente em alguns grupos da população, principalmente entre as mulheres.
É o que alertam os especialistas convidados do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (27). No episódio, dr. Roberto Kalil conversa com Arthur Guerra, psiquiatra especializado em dependência química, e Maria Alice Fontes, neuropsicóloga também especialista em dependência química. Os profissionais irão explicar as características do alcoolismo, quais os limites entre o consumo “saudável” e o abuso e quais os tratamentos possíveis.
“Nós temos visto um aumento importante do abuso das mulheres e até da dependência das mulheres ao longo dos últimos dez anos. O quanto as mulheres, mais no mercado de trabalho, com toda a sobrecarga de filhos, casa, trabalho, têm no álcool um momento de relaxamento. Há dados que apontam que até 2033 vai haver uma equiparação do número de mulheres e homens em relação ao alcoolismo”, explica Fontes.
A neuropsicóloga também alerta para o consumo entre jovens. “Tem-se essa ideia de que, em muitas festas de 15 anos, por exemplo, se libera álcool, e que tudo bem beber. Não é tudo bem beber, porque os jovens estão num processo de amadurecimento do cérebro. O início do uso do álcool está diretamente relacionado com um risco aumentado de dependência do futuro”, diz ela, enfatizando a importância de conscientizar os pais sobre isso.
O álcool, apesar de legalizado na maior parte dos países, incluindo o Brasil, está relacionado ao desenvolvimento de mais de 200 doenças diferentes. Além disso, pessoas que sofrem com alcoolismo estão mais propensas a episódios de violência e a se envolverem em acidentes.
“É uma doença gravíssima. Tem uma chance de a pessoa ficar boa: parar de beber”, diz Arthur Guerra, enfático. O especialista comenta, ainda, que muitas pessoas usam o álcool para relaxar e se “anestesiar” dos problemas do dia a dia, o que pode ser perigoso. “O uso do álcool como medicamento é péssimo”, afirma.
Guerra explica que a substância, quando entra no organismo, age como uma nuvem de vapor que se espalha pelo corpo e, rapidamente, atinge todos os órgãos. “Ainda que quando a gente fale de alcoolismo, nós estamos falando mais da dependência do álcool quando ele atinge o cérebro, na verdade ele age nos músculos, nos ossos, no coração, nos pulmões, nos rins, na pele… Ele age em todo o corpo”, diz.
Rede de apoio é essencial para o tratamento
Por fim, ambos os especialistas reforçam que ter uma rede de apoio, como familiares, amigos e profissionais adequados, é essencial para o tratamento do alcoolismo.
“Existe um estigma sobre esse assunto que precisa ser falado. Muitas vezes a família tem esse julgamento moral. Só que aquela pessoa está doente. E a expressão dos sintomas psiquiátricos é comportamental. Então essa família precisa entender que a pessoa precisa de tratamento e precisa apoiar aquela pessoa a se manter no tratamento. Porque todos os estudos mostram que os melhores resultados acontecem quando a pessoa se mantém no tratamento”, completa Maria Alice.
Créditos: CNN.