Você ama comer chocolate ou é chocólatra? Infelizmente, há uma notícia preocupante: o fornecimento global de chocolate está sob ameaça de um vírus que afeta os cacaueiros, as árvores que produzem cacau. Um estudo recente publicado no periódico PLOS ONE alerta sobre essa situação.
O cacau é a matéria-prima essencial para a fabricação de chocolate, obtido através da torra e moagem das amêndoas secas do cacaueiro. Aproximadamente metade do chocolate mundial provém de cacaueiros localizados em países da África Ocidental, como Costa do Marfim e Gana.
De acordo com a pesquisa, o vírus conhecido como “cacau swollen shoot” (CSSV), ou “vírus do caule inchado do cacau”, está causando perdas significativas na colheita de cacau em Gana, variando de 15% a 50%. O agente infeccioso pode atacar as plantas de cacau em qualquer fase de desenvolvimento, sendo especialmente prejudicial em variedades suscetíveis, onde pode levar à morte da árvore após 2 a 3 anos, com perdas de até 25% no primeiro ano.
Uma árvore de cacau saudável — Foto: Kyle Hinkson/ Unsplash
O CSSV é transmitido por pelo menos 14 espécies de insetos chamados cochonilhas (Coccidae), que retêm o vírus por algumas horas. Esses artrópodes se alimentam das folhas, botões e flores das árvores de cacau. A infecção ocorre principalmente por enxertia, não por dispersão de sementes, pólen ou contato direto entre árvores.
Apesar dos esforços dos agricultores, os pesticidas não são eficazes contra as cochonilhas, e o Gana já perdeu milhões de pés de cacau nos últimos anos. Além disso, o custo das vacinas contra o vírus é alto, dificultando o combate à praga. Mesmo quando as árvores são vacinadas, a produção de cacau é menor, e o CSSV continua a devastar as plantações.
Para solucionar esse problema, cientistas da Universidade do Texas, em Arlington, e seus colegas utilizaram modelos matemáticos para determinar a distância ideal entre árvores vacinadas e não vacinadas. Essa estratégia visa evitar que os insetos espalhem o vírus pulando de uma planta para outra.
Em resumo, a criação de uma camada protetora de árvores de cacau vacinadas ao redor das não imunizadas pode ajudar os agricultores a preservar suas colheitas e manter a produção de chocolate.
Os modelos, ainda em fase experimental, permitem até mesmo aos pequenos agricultores manterem custos administráveis, segundo conta Chen-Charpentier. “Isso é bom para os resultados financeiros dos agricultores, bem como para o nosso vício global em chocolate”, ele diz.