Um relatório preliminar obtido pela rede RECORD revela que havia mais pessoas na embarcação onde foram encontrados nove corpos no Pará. Em 13 de abril, pescadores descobriram um barco à deriva com corpos em avançado estado de decomposição nas proximidades da Ilha de Canelas, no município de Bragança (PA).
De acordo com o novo relatório, objetos de uso pessoal encontrados no barco indicam a presença de mais de 20 passageiros a bordo. Esses indícios levam a perícia a acreditar que a embarcação partiu da Mauritânia, país situado no noroeste da África.
Além disso, o relatório aponta que o fluxo migratório na região é intenso e que o quantitativo de objetos encontrados é compatível com relatos do fenômeno migratório na Mauritânia, que indicam barcos com características semelhantes transportando entre 30 e 40 pessoas.
As investigações estão em andamento, e a Polícia Federal adotou o método internacional de identificação de vítimas de desastre da Interpol. Os exames, finalizados na quarta-feira (24), coletaram dados de potenciais familiares residentes na África para comparação com os corpos.
Entre os materiais examinados, foram encontrados documentos de identidade de cidadãos da Mauritânia e Mali, anotações com números telefônicos e cédulas de papel moeda da Mauritânia.
A principal suspeita é de que a embarcação tenha seguido a direção errada ao se aproximar do arquipélago espanhol das Ilhas Canárias, onde as vítimas pretendiam imigrar. O trabalho de identificação dos corpos pode demorar, e não há estimativa de prazo para a finalização desse processo.
Diante dessa imprevisibilidade, optou-se pelo sepultamento temporário dos corpos enquanto são realizadas medidas de cooperação para coleta de dados junto aos países de origem.
As embaixadas de Mali, Mauritânia e Congo, países com elevada probabilidade de origem das vítimas, foram avisadas sobre o enterro, e foi solicitada ajuda e cooperação internacional para localizar parentes dessas vítimas. Além da Polícia Federal, a Marinha do Brasil e o Ministério Público Federal também investigam o caso, abrindo investigações tanto na área criminal quanto na cível.