Especialistas preveem que o próximo grande surto pandêmico pode ser desencadeado por uma variante do vírus Influenza, o agente causador da gripe. Este aviso surge à medida que variantes da gripe aviária, anteriormente restritas às aves, começam a se espalhar entre mamíferos, como o gado nos Estados Unidos. Em humanos, essas variantes têm mostrado uma taxa de mortalidade superior a 50% em casos isolados.
Segundo informações da revista Época Negócios, a suposição de que uma variante do Influenza possa ser o agente mais provável para desencadear uma nova crise de saúde global é resultado de uma pesquisa realizada por cientistas do Consórcio VACCELERATE. Este consórcio reúne especialistas de diversos países com o objetivo de acelerar os estudos clínicos para vacinas contra a Covid-19. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Travel Medicine and Infectious Disease e serão apresentados na próxima semana durante o Congresso Global da Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID), em Barcelona, Espanha.
A pesquisa coletou um total de 187 respostas de especialistas de 57 países. Estes pesquisadores, com vasta experiência em doenças infecciosas, foram convidados a classificar diferentes agentes de acordo com seu potencial pandêmico. O vírus da gripe foi classificado em primeiro lugar por 57% dos especialistas, e outros 17% o colocaram em segundo lugar.
Salmanton-García, da Universidade de Colônia, na Alemanha, principal autor do estudo, afirmou em comunicado: “Todo inverno temos uma temporada de Influenza. Isso significa que todo inverno há pequenas pandemias. Elas são mais ou menos controladas porque as diferentes cepas não são suficientemente virulentas. No entanto, a cada estação, as cepas envolvidas mudam, e essa é a razão pela qual podemos contrair gripe várias vezes na vida, e as vacinas mudam ano a ano. Caso uma nova cepa se torne mais virulenta, esse controle pode ser perdido”.
Outros patógenos destacados incluem a Doença X, um termo usado para um microrganismo ainda não descoberto, apontado por 21% dos cientistas como o de maior potencial pandêmico. Uma variante do SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19, ficou em terceiro lugar, com 8% dos pesquisadores acreditando que ele ainda tem o maior potencial de provocar uma nova pandemia.
Também foram mencionados o SARS-CoV original, que circulou em 2002 e 2003; o vírus da febre hemorrágica da Crimeia-Congo (vírus CCHF) e o Ebola. O Nipah, o henipavírus e o vírus da febre do Vale do Rift estavam entre os patógenos com a classificação mais baixa em termos de potencial pandêmico.
Os cientistas no estudo lembraram que “a gripe, a doença X, o SARS-CoV-1, o SARS-CoV-2 e o vírus Ebola são os patógenos mais preocupantes em relação ao seu potencial pandêmico. Esses patógenos são caracterizados por sua transmissibilidade por meio de gotículas respiratórias e um histórico de surtos epidêmicos ou pandêmicos anteriores”.