Foto: Reprodução/Eduardo Barretto/Metrópoles.
Obra de mil exemplares custou R$ 39,5 mil ao Senado e está na biblioteca da Casa; artigos de opinião incluem Lula e seis ministros
O Senado lançou no ano passado um livro de artigos de opinião intitulado “100 Vozes Pela Democracia”, que classifica Jair Bolsonaro como “fascista” e “o pior presidente do Brasil de todos os tempos”. Custando R$ 39,5 mil e composto por mil exemplares, a obra foi produzida em 2022 e conta com textos de diversas personalidades, incluindo Lula, o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, seis ministros do atual governo e parlamentares governistas. As informações são de Guilherme Amado ao Metrópoles.
É possível acessar a versão digital do livro no site da biblioteca do Senado, enquanto três exemplares físicos estão disponíveis na biblioteca pública. Publicado pela Editora Senado e financiado com dinheiro público, o livro foi organizado pela entidade “Direitos Já! Fórum pela Democracia”, reunindo políticos de diversos partidos em oposição ao governo Bolsonaro.
No livro, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) escreveu: “Bolsonaro e sua matilha fascista tudo fazem para destruir pedra por pedra as instituições”. Por sua vez, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, acusou o governo de “flertar com o fascismo” e promover uma “agenda antipovo, neoliberal, entreguista e destruidora de vidas e direitos”.
Além de críticas de políticos, o livro também apresenta opiniões de pessoas sem cargos públicos. Aldo Arantes, do PCdoB, declarou: “O país nunca contou com um presidente tão ruim. Neofascista, despreparado e grotesco”. A ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado, falecida em 2022, atacou a “política explicitamente fascista dessa corja que saiu dos porões da ditadura militar para ocupar a presidência da República”. O jornalista Juca Kfouri classificou Bolsonaro como um “miliciano obstinado em destruir”.
Lula, que também contribuiu com o livro, mencionou a “irresponsabilidade criminosa de Bolsonaro”. O ex-presidente Geraldo Alckmin chamou o governo passado de um “desastre civilizatório”. Marina Silva, por sua vez, afirmou que o “capitão indisciplinado do Exército e sua nova tropa realizam seu plano de destruir a República”.
Procurado, o Senado afirmou que o livro segue as regras do Conselho Editorial e foi produzido por “personagens de diversos segmentos da sociedade civil, todos responsáveis pelos textos publicados”. Dos mil exemplares impressos, 505 estão em estoque, 360 foram destinados ao Conselho Editorial, 109 foram vendidos a preço de custo (R$ 40), 13 foram enviados a órgãos do Senado, e outros 13 foram enviados a gabinetes parlamentares.