O governo Lula (PT) tem sido alvo de críticas devido ao atraso na aquisição da vacina atualizada contra a Covid-19. Essas críticas vêm de diversos setores, incluindo a comunidade científica e profissionais de saúde, e não se limitam ao campo político.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, um abaixo-assinado foi lançado nesta semana por esses grupos, exigindo do Ministério da Saúde a entrega das vacinas adaptadas para novas variantes e a implementação de mais medidas para fortalecer a luta contra a doença. Em 2024, a Covid-19 causou pelo menos 3.012 mortes, quase o dobro das 1.544 mortes confirmadas por dengue no mesmo período.
O texto do abaixo-assinado, publicado no site “Qual Máscara?”, critica o abandono que o país está vivendo, apesar de ser mundialmente reconhecido por suas campanhas de vacinação. O Ministério da Saúde, procurado na sexta-feira (19), não se manifestou sobre as críticas.
O documento recebeu inicialmente 15 assinaturas, mas após ser divulgado nas redes sociais, mais de 1.780 pessoas aderiram à carta. A gestão petista tem sido criticada pela falta de novas doses, uma vez que a conduta negacionista de Jair Bolsonaro (PL) na pandemia e o desdém do ex-presidente pelas vacinas foram fortemente explorados por Lula na campanha eleitoral de 2024.
A secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, afirmou em fevereiro que a vacina adaptada à variante XBB chegaria ao Brasil no mês seguinte. No entanto, a vacina ainda não foi comprada, o que levou o Ministério da Saúde a adiar o início da campanha de imunização contra a Covid-19.
O Ministério espera fechar a compra da vacina da Moderna nesta sexta-feira (19). O Departamento de Logística da pasta já deu aval para a aquisição de 12,5 milhões de doses, por R$ 725 milhões. A expectativa é que um primeiro lote chegue ao Brasil em cerca de uma semana.
Monica De Bolle, professora de economia na Universidade Johns Hopkins e mestre em Imunologia e Microbiologia pela Universidade de Georgetown, critica o atraso na compra das vacinas. Ela afirma que a vacina bivalente, última ofertada pelo SUS, já está desatualizada e não protege corretamente contra as formas predominantes da Covid-19.
A Anvisa aprovou há quatro meses o uso no Brasil da vacina da Pfizer para a variante XBB. Em março, concedeu o mesmo aval para o imunizante da Moderna. O Ministério da Saúde planejava uma compra de imunizantes em meados de 2023, mas aguardou a chegada dessas novas versões ao mercado.
A Saúde abriu um processo de compra emergencial das 12,5 milhões de doses após o aval dado à Pfizer. O período de lances para a proposta de contrato da vacina começou em 8 de março. Participaram da disputa Pfizer e Moderna, que apresentou menor preço. Mais de um mês depois, ainda não há desfecho da compra.
A carta direcionada à Saúde, publicada no site “Qual Máscara?”, também reclama da entrega de doses desatualizadas às crianças. A Saúde afirma que também fará outra compra regular de vacinas —o plano da pasta é adquirir cerca de 70 milhões de imunizantes neste ano.
Nas redes sociais, o divulgador científico Atila Lamarino também questionou a estratégia do governo Lula sobre a Covid. Questionada sobre críticas que a atual gestão pode receber pela falta de doses no início da semana, Ethel Maciel disse que o ministério fez todo o possível para acelerar o contrato.