As invasões realizadas por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde segunda-feira (15) se espalharam por 30 áreas em 13 Estados. Essas ações, registradas em estados como Paraíba, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Sergipe, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Bahia, Pará, São Paulo, Goiás, Ceará, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, fazem parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária, conhecida como Abril Vermelho. Esse mês é marcado pelo repúdio ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, ocorrido em 17 de abril de 1996, quando 21 trabalhadores rurais ligados ao MST foram assassinados pela Polícia Militar.
O MST reivindica essas áreas invadidas, que considera improdutivas, para assentamento e reforma agrária. Atualmente, há 60 ações em andamento, abrangendo um total de 18 Estados e o Distrito Federal. Essas ações incluem invasões, acampamentos, assembleias e mobilizações. Mais de 30 mil famílias estão mobilizadas nesses atos.
Na manhã desta sexta-feira, cerca de 100 famílias do MST invadiram uma área de 500 hectares da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Patos, no sertão da Paraíba. O MST argumenta que essa área é pública, improdutiva e que “cumpre a função social da terra”. O movimento reivindica essa área para assentamento. Além disso, aproximadamente 300 famílias do MST levantaram um novo acampamento em uma área do assentamento Santa Rosa, em Tupanciretã, no Rio Grande do Sul.
Para conter as invasões do chamado “Abril Vermelho”, o governo federal lançou o Programa Terra para Gente nesta semana. Esse programa tem como objetivo acelerar o assentamento de famílias no país. Ele prevê a inclusão de 295 mil famílias no Programa Nacional de Reforma Agrária, sendo 74 mil assentadas e 221 mil reconhecidas ou regularizadas em lotes de assentamentos existentes até 2026. No entanto, o MST afirmou, em nota, que as iniciativas do governo voltadas à reforma agrária são “insuficientes” e que ainda há 70 mil famílias vivendo em acampamentos. É fundamental que se busque um equilíbrio entre os direitos à terra e a necessidade de desenvolvimento sustentável para garantir o bem-estar de todos os envolvidos.