Nesta quarta-feira (17), o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, participou de uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, juntamente com os comandantes das Forças Armadas. Durante a sessão, os militares expressaram preocupação com os cortes no Orçamento. Marcos Sampaio Olsen, da Marinha, destacou que os recursos alocados para munição e combustível estão abaixo do necessário ou do mínimo aceitável.
Múcio ressaltou que a Defesa é um setor crucial que precisa de atenção e investimento. Por sua vez, Olsen apontou que houve uma perda de 46% na capacidade orçamentária do setor de Defesa nos últimos dez anos. Ele também argumentou que alguns dos programas afetados poderiam gerar empregos diretos e indiretos.
O comandante explicou que parte dos cortes ocorreu durante a elaboração do Orçamento pelo Legislativo. Na apresentação feita aos deputados, ele se referiu a essa fase como o “momento legislativo” e destacou que as perdas foram de 5,6%.
Múcio afirmou que é preciso que se retire a pauta ideológica no campo da Defesa e reforça que é preciso maiores investimentos nas Forças. “Estamos ficando com marinheiros sem navios, aviadores sem aviões e soldados sem equipamentos. Vamos terminar como trabalhadores braçais. A Defesa pertence ao País, aos partidos, a Defesa não pode ser ideologizada. Somos servidores fardados do governo, iguais aos servidores civis. Nós trabalhamos para o Brasil”, disse.
Elealerta o risco de demissões por não ter previsibilidade orçamentária, enquanto precisa comprar novos equipamentos de Defesa, que são caros. “É fundamental para o País que tem o tamanho do Brasil ter uma Defesa definitiva, respeitada. O mundo está se armando. Para que nós vivamos em paz, precisamos entender que as pessoas nos respeitem pelo nosso potencial de Defesa”, afirmou.
Ricardo Salles (PL-SP) criticou o apelo dos militares por mais dinheiro. “Eu não me alinho a essa fala de ‘precisamos de mais orçamento’. Negativo. Enquanto for esse nível de ineficiência e aversão a operações de efetividade, há outros que fazem muito mais barato e com mais eficiência”, disse. “Ter metralhadora, helicóptero para distribuir cesta básica, a Legião da Boa Vontade faz isso com muito mais eficiência muito mais barato.”
Durante uma audiência, o comandante do Exército, Tomas Miguel Miné Ribeiro Paiva, destacou que as unidades de combate do Exército brasileiro estão se tornando ultrapassadas. Um exemplo disso são os blindados, que, segundo ele, estão com 20 anos de defasagem.
Além disso, também participa da audiência o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno.
Deputado bolsonarista cobra de comandantes silêncio a ações de Moraes e do STF
Durante uma sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) fez críticas aos comandantes das Forças Armadas e ao Ministério da Defesa. Ele apontou que essas instituições são “complacentes” com as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes.
“O que nós vemos acontecer hoje é um desrespeito à Constituição flagrante do ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, e a reação das Forças Armadas e do ministério da Defesa é de complacência. Gostaria de ver o general do Exército ter a mesma veemência de criticar os abusos de autoridade do ministro Alexandre de Moraes a mesma veemência que ele tem de falar do custo da refeição dos militares”, disse. “Foi revogada a Constituição Federal há mt tempo pelo Supremo Tribunal Federal e o Exército Brasileiro lamentavelmente permite isso.”
Na resposta, Múcio disse que as Forças Armadas não constitui um dos Três Poderes. “Eu não podia interferir. Não cabia a nós. Esse ano você não viu a declaração de um militar contradizendo nem contrariando ninguém. Nós somos braços de uma operação de trabalho. Nós não somos um Poder”, afirmou.
Ribeiro Paiva, comandante do Exército, respondeu com uma indireta a Van Hattem. “Eu teria vergonha de, buscando popularidade, não cumprir lei, não cumprir decisão. Fique tranquilo que mesmo que seja impopular, a gente faz o que é correto, o certo pelo certo”, disse.