As organizações judaicas no Brasil expressaram sua insatisfação com a declaração do governo brasileiro em relação ao ataque iraniano a Israel. O Itamaraty, em um comunicado divulgado no sábado, afirmou que o Brasil está “profundamente preocupado” com o lançamento de drones e mísseis no território israelense, mas não condenou explicitamente Teerã.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, Cláudio Lottenberg, presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), considerou “lamentável” a postura do governo Lula, acusando a política externa brasileira de se alinhar com a ‘teocracia iraniana’. Ele expressou sua frustração com a posição do Brasil, destacando que muitos países democráticos e do Oriente Médio se uniram a Israel para condenar e combater o ataque iraniano.
Manoela Miklos, diretora-executiva do Instituto Brasil-Israel (IBI), também criticou duramente a posição brasileira. Ela enfatizou que a nota do governo brasileiro falhou em condenar um ataque internacional claramente ilegal que poderia desencadear uma instabilidade regional imprevisível.
As entidades judaicas têm criticado as posições do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do Itamaraty desde os ataques terroristas do Hamas em Israel, em outubro do ano passado, e a subsequente guerra em Gaza. Em fevereiro, Lula comparou as ações militares de Israel na Faixa de Gaza a um genocídio e fez uma comparação com o extermínio de judeus por Adolf Hitler.
Essas declarações resultaram na declaração do líder brasileiro como “persona non grata” pelo Ministério das Relações Exteriores do governo de Binyamin Netanyahu. O chanceler Israel Katz afirmou que “não esqueceremos nem perdoaremos” e pediu ao embaixador do Brasil no país que informasse ao presidente Lula que ele era persona non grata em Israel até que retirasse o que disse.
A controversa posição do governo brasileiro em relação ao Irã também se manifestou recentemente, quando o país se absteve de apoiar uma missão internacional que investiga violações de direitos humanos na repressão do regime dos aiatolás às manifestações por direitos das mulheres. Esses protestos eclodiram no país do Oriente Médio após a morte de Mahsa Amini, em 2022.
Apesar de oito votos contrários, incluindo China, Cuba e Sudão, a resolução foi aprovada por 24 nações. Argentina, Bélgica, Chile, Honduras e Maláui foram alguns dos que votaram a favor. O Brasil optou pela abstenção, apesar de um apelo de 43 organizações, incluindo Anistia Internacional e Human Rights Watch, para que os membros do Conselho de Direitos Humanos apoiassem a resolução.
Em setembro de 2022, a jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, entrou em coma e morreu após ser detida pela polícia em Teerã por supostamente não usar o véu islâmico de maneira adequada. Este incidente levou milhares de iranianos às ruas em protesto contra o regime.