A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou, nesta sexta-feira (12), uma nova diretriz com métodos de medição da pressão arterial para aprimorar o diagnóstico da hipertensão.
De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório, o diagnóstico definitivo de hipertensão não deve se basear apenas nos resultados obtidos durante as medições realizadas em consultórios médicos.
O documento enfatiza a diferença entre a medição da pressão feita no consultório e aquela realizada no cotidiano do paciente. Em algumas situações, a pressão arterial de um paciente pode ser mais alta no consultório, devido ao estresse e à ansiedade, enquanto no dia a dia, o indivíduo apresenta pressão controlada. Nesses casos, um diagnóstico de hipertensão poderia levar a uma medicação inadequada.
Por outro lado, pacientes com pressão arterial não controlada em casa, mas com valores baixos no consultório, não seriam diagnosticados corretamente. No Brasil, a prevalência de hipertensão é de quase 24%, conforme o relatório Estatística Cardiovascular da SBC de 2023.
A diretriz tem como objetivo minimizar essas discrepâncias, evitando os casos conhecidos como “hipertensos de avental branco” (pressão alta no consultório, mas não no dia a dia) e “hipertensos mascarados” (pacientes com diagnóstico, mas sem sinal evidente na frente do médico).
Essa publicação resulta de um conjunto de evidências compiladas por 67 profissionais de diversas especialidades, com o propósito de auxiliar na medição da pressão arterial tanto dentro quanto fora do consultório.
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco modificáveis para morte e incapacidade em todo o mundo, sendo também um dos maiores fatores de risco para AVC (acidente vascular cerebral), doenças cardíacas (como a doença coronariana arterial) e insuficiência renal.
Segundo o cardiologista Audes Feitosa, coordenador-geral da diretriz, é crucial considerar diversos fatores antes de chegar ao diagnóstico final de hipertensão. Ele explica: “A medida da pressão no consultório é um pouco mais frágil. A medida mais fidedigna seria uma medida fora do consultório, que o paciente faz em casa. Por isso, consideramos também algumas diferenças nos valores”.
Enquanto nos consultórios, os médicos consideram uma pressão arterial elevada quando atinge 140 por 90 mmHg (popularmente conhecida como 14 por 9), o valor normal é 120 por 80 mmHg (ou 12 por 8). Já em casa, uma pressão considerada acima do normal é 130 por 80 mmHg (ou 13 por 8).
Feitosa destaca que existem dois métodos para a medição domiciliar: a MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial), em que o paciente faz medições durante 24 horas com um dispositivo preso à cintura, e a MRPA (monitorização residencial da pressão arterial), que mede os valores durante cinco dias, de manhã e à noite. Essas técnicas e equipamentos auxiliam na formulação de um diagnóstico mais preciso e abrangente.
“O acesso a estes equipamentos se faz necessário e merece um olhar atento. Não é apenas diagnosticar, tem que ter o diagnóstico adequado para, depois, tratar, com acompanhamento, para ter certeza que ele controlou a pressão”, explica o médico.
Aproximadamente dois terços dos pacientes hipertensos no Brasil não conseguem controlar adequadamente sua pressão arterial.
Em conclusão, o médico ressalta que, exceto em situações de anomalias cardíacas ou outras condições genéticas, onde o diagnóstico de hipertensão no consultório já é conclusivo, o ideal é confirmar o diagnóstico com medições realizadas fora do consultório.