Muitas pessoas já ouviram alguém mencionar que há tempos não fazem mais o jantar. Na maioria das vezes, isso não se deve a um estilo de vida que impeça essa refeição importante do dia. Em geral, essa estratégia visa controlar o peso.
Restringir a alimentação noturna enquanto se mantém o café da manhã e o almoço pode ser considerado uma forma de jejum intermitente. Nesse regime alimentar, o consumo de calorias é limitado durante um período específico do dia, de maneira contínua.
Dada a epidemia global de obesidade, cientistas e médicos têm olhado com entusiasmo para essa prática. Ela pode se tornar uma ferramenta útil no tratamento desse problema.
No entanto, é importante ressaltar que pular o jantar não é uma solução mágica para emagrecer e não é adequado para todos.
Atualmente, cerca de 55% da população brasileira está com sobrepeso ou obesidade, de acordo com dados do Atlas Mundial da Obesidade (2024).
A tradição de fazer três refeições ao longo do dia tem raízes culturais e baseia-se nos primeiros estudos sobre saúde e doenças. Acredita-se que o café da manhã, o almoço e o jantar fornecem os nutrientes e a energia necessários para as atividades diárias.
O jejum intermitente é um dos regimes alimentares mais estudados atualmente pelos cientistas. Os resultados de testes realizados em animais têm mostrado potenciais benefícios para a saúde, incluindo melhora no controle da glicemia, redução da gordura corporal, diminuição do colesterol, melhora da pressão sanguínea, adiamento de sintomas de doenças neurodegenerativas e prevenção do câncer, além de redução das inflamações.
Os efeitos no seu corpo
As pesquisas realizadas em seres humanos estão em andamento, mostram promissoras, mas também apresentam resultados contraditórios.
Além disso, até o momento, essas pesquisas não fornecem todas as informações sobre os efeitos de pular refeições no corpo, seus possíveis efeitos colaterais e, principalmente, as implicações a longo prazo.
Por esse motivo, os especialistas recomendam que, se você deseja adotar essa prática, é melhor fazê-lo com orientação e supervisão de um profissional de saúde.
Aqui estão alguns dos efeitos observados pelos pesquisadores quando se pula o jantar:
- Mudanças no peso
- Aumento do risco de mortalidade
- Alterações na saúde mental
Você pode ficar leve, mas também pesar mais
A perda de peso pode ocorrer devido à redução do consumo diário de calorias. Quando combinada com exercícios físicos, essa medida pode resultar em benefícios ainda maiores. No entanto, permanece incerto se essa perda de peso é sustentável a longo prazo.
Além disso, o jejum intermitente pode melhorar marcadores metabólicos, como níveis de açúcar no sangue, pressão arterial, colesterol e inflamação. No entanto, os pesquisadores ainda não esclareceram se esses benefícios metabólicos são diretamente causados pela perda de peso ou pelo próprio jejum intermitente.
Por outro lado, um estudo japonês que analisou os hábitos alimentares de estudantes universitários que pulavam o jantar concluiu que essa prática também está associada ao ganho de peso, sobrepeso e obesidade.
Algumas hipóteses tentam explicar esse fenômeno: pular o jantar pode desregular o apetite, levando a um maior consumo calórico em uma única refeição. Pessoas com esse perfil tendem a ter dietas pobres e a consumir mais lanches.
Nessa pesquisa, o jantar foi considerado um fator importante para prevenir os problemas mencionados, assim como não pular o café da manhã. Esses dados foram publicados na revista científica “Nutrients”.
No entanto, é importante destacar que pular refeições por conta própria pode ser arriscado para certos grupos e condições de saúde:
- Diabetes descontrolado
- Doenças renais
- Problemas cardíacos
- Pessoas com distúrbios alimentares
- Gestantes
- Pessoas que usam medicamentos para diabetes, pressão arterial e doenças cardíacas
- Idosos, crianças e adolescentes