As Forças Armadas dos Estados Unidos estão adotando novas estratégias de guerra em seus treinamentos militares, visando a um possível combate naval contra adversários chineses. De acordo com uma reportagem do jornal The Washington Post, o 3º Regimento Litorâneo do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA está sendo treinado no Campo de Pohakuloa, no Havaí. Essas equipes estão se preparando para atuar em ilhas remotas estrategicamente posicionadas na parte ocidental do Oceano Pacífico.
Em vez de realizar os tradicionais ataques anfíbios, essas novas equipes estão sendo treinadas para atuar como uma força conjunta mais ágil e eficiente. O objetivo desse regimento é sincronizar operações entre soldados, marinheiros, “marines” e aviadores norte-americanos, bem como colaborar com as forças militares de aliados dos EUA no Pacífico, como Filipinas, Japão e Taiwan.
Os fuzileiros navais têm como missão coletar informações de inteligência e dados sobre alvos, compartilhando-os rapidamente. Além disso, ocasionalmente, eles afundam navios inimigos com mísseis de médio alcance. Essa estratégia visa ajudar a Frota do Pacífico e a Força Aérea dos EUA a repelir ataques inimigos contra o país e seus parceiros na região.
Fuzileiros navais ‘invisíveis’ na linha de frente
O Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA está adotando uma tática inovadora, posicionando uma força “interina” de milhares de “marines” na linha de frente dos combates. Simultaneamente, eles buscam tornar seus soldados “invisíveis” aos radares e outras ferramentas eletrônicas de detecção.
O objetivo dessa nova equipe é ser a primeira a chegar em conflitos, coletando informações e enviando coordenadas para que a Força Aérea possa lançar mísseis contra fragatas chinesas a centenas de quilômetros de distância. Além disso, eles compartilham informações sobre alvos com aliados, como Filipinas, Japão e Taiwan, que podem mirar mísseis de cruzeiro em destróieres no disputado Mar do Sul da China.
O coronel John Lehane, comandante do regimento, enfatiza que o papel mais valioso dessa estratégia não é apenas conduzir ataques letais, mas também ter a capacidade de observar o campo de batalha. Essa abordagem visa obter dados sobre alvos e perceber nuances que outros talvez não consigam.
Embora analistas considerem essa nova estratégia promissora, ela enfrenta desafios significativos, especialmente se uma guerra com a China se concretizar.
Múltiplos riscos para os EUA
Os Estados Unidos enfrentam desafios significativos em relação à sua capacidade de operar em vastas regiões marítimas. Questões logísticas, disputas orçamentárias no Congresso e a sobrecarga da indústria de defesa dificultam o fornecimento de equipamentos e tecnologias. Além disso, após duas décadas de combates terrestres no Oriente Médio, os fuzileiros navais norte-americanos estão se adaptando ao combate naval, que pode se estender por milhares de quilômetros de arquipélagos e costas marítimas na Ásia.
Os riscos para os EUA aumentam diante da modernização militar ostensiva da China, que investiu pesadamente no setor nas últimas décadas. A construção de ilhas artificiais no Mar do Sul da China e a expansão de bases chinesas nos Oceanos Índico e Pacífico desafiam a capacidade dos EUA de controlar mares e céus em um conflito no Pacífico Ocidental.
A China, com a maior força militar da região, também tem a vantagem de atuar em seu próprio território. Pequim mantém cerca de 1 milhão de soldados, mais de 3 mil aeronaves e aproximadamente 300 embarcações prontas para qualquer possível batalha. O coronel John Lehane, em entrevista ao The Washington Post, destaca a necessidade de reorientar as estratégias dos EUA para enfrentar um adversário com capacidades nacionais sofisticadas, em contraste com o foco anterior em combater grupos terroristas sem recursos semelhantes.