Segundo informações do jornal Extra, a partir de hoje, aproximadamente dez mil tipos de medicamentos de uso contínuo estão custando até 4,5% a mais. Este aumento é o máximo permitido anualmente pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), órgão ligado ao governo federal.
No entanto, os consumidores do Estado do Rio podem sentir um impacto ainda maior em suas próximas compras. Isso se deve ao fato de que, desde o dia 20, entrou em vigor um aumento do ICMS de 18% para 20%. Quando somado à taxa do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECP), a alíquota totaliza 22%, a mais alta do país. Este aumento deverá ser repassado aos consumidores.
“Este cenário terá um grande impacto nas famílias, especialmente naquelas com aposentados, pensionistas e pessoas que utilizam medicamentos de uso contínuo. Trata-se de uma combinação cruel de dois aumentos. Um é previsto anualmente; o outro foi anunciado para recompor o caixa dos estados, que está defasado desde a redução do imposto sobre combustíveis em 2022”, explica a economista e professora Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Onze estados aprovaram o aumento das alíquotas de ICMS. Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma, critica as decisões dos governos. “Enquanto o Brasil experimenta uma tendência de redução da inflação e dos juros, aliada à aprovação da reforma tributária, esses governos estão indo na direção oposta e demonstrando insensibilidade com a população mais pobre”, afirmou Barreto.
Além disso, há uma variação de preços que ocorre dinamicamente no ponto de venda ao consumidor final. Por exemplo, embora o teto de reajuste de 2023 tenha sido fixado em 5,6%, a CliqueFarma, ferramenta do ecossistema Afya que compara preços de produtos vendidos em farmácias, encontrou aumentos de até 250% no mesmo ano, como foi o caso do Betaistina.
“Todos os medicamentos têm um preço máximo ao consumidor (PMC), definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. O que acontece é que os preços variam para baixo e para cima até o teto do PMC. Essa variação depende muito dos descontos praticados pelos laboratórios e das negociações com as farmácias”, disse o fundador da ferramenta, Angelo Miguel Alves.
Portanto, pesquisar é essencial. Quando chega o verão e a família deseja comprar um ar-condicionado, ou na hora de adquirir o material escolar, a pesquisa de preços é o primeiro passo. No entanto, na compra de remédios, muitos consumidores não imaginam que possa haver uma economia significativa, o que é um erro.
Um mesmo medicamento à base de Losartana, princípio ativo usado para controle da hipertensão, pode ter variação de até 87,62% nos preços praticados por duas farmácias, segundo consulta da CliqueFarma, feita a pedido do EXTRA. A ferramenta compara preços de medicamentos em mais de 50 farmácias.
“As variações podem ocorrer devido a políticas de precificação de cada estabelecimento, descontos oferecidos, margens de lucro e até negociações com fornecedores ou baixa de estoque de produtos no mercado”, explica o diretor e fundador da CliqueFarma, Angelo Miguel Alves.
Economizar demanda tempo. Não é apenas entre farmácias que o preço pode variar. Uma mesma drogaria pode ter preços diferentes, dependendo do dia e do horário da compra, da negociação feita com o gerente e do convênio de saúde que o consumidor tem, entre outros fatores.
Para fazer um bom negócio, Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar) e professor da FIA Business School, recomenda calma. O ideal é planejar a compra de medicamentos cuja necessidade não seja urgente. E não resolver cumprir essa tarefa num intervalo curto de tempo enquanto está na rua:
“Cumprir estratégias para economizar demanda tempo. Então, o ideal é não comprar os remédios com pressa. E, se for um medicamento de uso contínuo, comprar em quantidade, atentando, é claro, para o prazo de validade.”
Aqui estão algumas dicas para economizar:
- Compare preços entre farmácias e, quando a compra não for urgente, busque preços de uma mesma farmácia em dias e horários diferentes.
- Barganhe no balcão. Como a precificação de medicamentos é dinâmica, converse com o gerente da farmácia e procure saber se a cobrança feita é a mínima por aquele remédio. Fale sobre as propostas das concorrentes e, se for comprar um medicamento de uso contínuo, negocie um desconto para comprar maior quantidade. Angelo Miguel Alves lembra, no entanto, que é sempre importante certificar-se de que o medicamento tem uma validade longa.
- Consulte preços de genéricos, após se certificar com o médico ou farmacêutico se a troca é adequada, indica Claudio Felisoni de Angelo.
- Verifique seus direitos em programas públicos. A professora Carla Beni lembra que a Farmácia Popular tem medicamentos gratuitos ou com uma redução significativa dos preços, e diversas prefeituras fornecem medicações em seus postos de saúde.
- Cheque se o laboratório farmacêutico tem desconto para cadastrados.
- Pergunte por programas de fidelidade nas farmácias.
- Utilize clubes de vantagens.
- Compre pela internet. Segundo pesquisa da CliqueFarma, medicamentos comprados on-line são 16% mais baratos do que na loja física, mesmo usando programas de descontos nas farmácias.