No plenário da Câmara nesta terça-feira, deputados tanto governistas quanto de oposição se envolveram em um conflito após Éder Mauro (PL-PA) exibir um cartaz com a imagem de Domingos Brazão, suspeito de estar envolvido no assassinato de Marielle Franco, vinculando-o ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante a exibição, parlamentares como Talíria Petrone e Tarcísio Motta (ambos do PSOL-RJ) se envolveram em uma acalorada troca de palavras com Éder, resultando no rasgamento do cartaz quando ele deixou o púlpito e retornou ao plenário. Outros deputados de diferentes partidos intervieram para separar os colegas envolvidos no conflito. Com a situação fora de controle, o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), que presidia a sessão, decidiu encerrar os trabalhos. Éder Mauro, em sua intervenção, afirmou que Brazão possui vínculos com Lula.
— Quem mandou matar Marielle era sim ligado a presidente. Acho que estou vendo uma camisa escrito Dilma 13. Diante desses fatos, quero saber onde os comunistas vao enfiar a língua deles. Está aqui, comunistas, quem mandou matar Marielle, o que vocês vão fazer agora? Vocês vão ter que arrumar outro defunto para atribuir a Bolsonaro, porque esse defunto é de vocês – disse o parlamentar.
Mais cedo, Talíria discutiu com a deputada Julia Zanatta (PL-SC) durante a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que pretendia decidir sobre a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (União-RJ), nesta terça-feira. Julia Zanatta (PL-SC) afirmou que os governistas “deveriam pedir desculpas à família Bolsonaro por associações indevidas sobre o assassinato de Marielle Franco nos últimos anos”. A deputada também recomendou aos parlamentares do PSOL que “parassem de capitalizar em cima do corpo de Marielle”.
Amiga pessoal da vereadora assassinada, Talíria reagiu e disse que a deputada deveria “lavar a boca” antes de citar Marielle, além de chamar Zanatta de “fascista”. A deputada desafiou Talíria a calar a sua boca. Os microfones precisaram ser cortados.
Deputados pedem vista na CCJ
Membros do partido Novo e do Republicanos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) solicitaram mais tempo para revisar o relatório que propôs a manutenção da detenção do deputado Chiquinho Brazão (União-RJ). Brazão, acusado de envolvimento no homicídio da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ganhou uma pausa para que os legisladores possam examinar o parecer elaborado por Darci de Mattos (PSD-SC).
O pedido de prorrogação é válido por duas sessões, a partir desta quarta-feira, o que adia a possibilidade do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), levar a votação ao plenário ainda nesta semana. A justificativa para a solicitação de prorrogação foi de que o documento foi apresentado pouco antes do início da sessão, impossibilitando uma análise mais aprofundada das acusações e do relatório da Polícia Federal que embasou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Autor do pedido de vista, o deputado Gilson Marques (Novo-SC) disse que os deputados da base estavam “com pressa” para resolver a questão, o que gerou um embate com parlamentares do PSOL. Deputados do partido pelo qual Marielle se elegeu lembraram que familiares e amigos dela esperaram por seis anos por uma resolução do caso.
O pedido de Marques foi endossado por Roberto Duarte (Republicanos-AC), filiado ao Republicanos, partido que receberia a família Brazão e toda a bancada do União Brasil do Rio na próxima janela partidária.
— O crime demorou seis anos para ser solucionado e tomaremos esta decisão em meia hora? Não tivemos tempo hábil para estudar o texto. Para que tanto afogadilho e pressa? — questionou o parlamentar do Novo.
O relatório recomendava a manutenção da decisão de Alexandre de Moraes. “Considerando presentes os requisitos constitucionais do flagrante e da inafiançabilidade, além de estar adequadamente fundamentada, meu voto é pela preservação da eficácia da decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, referendada, à unanimidade, pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal”, diz trecho do documento protocolado na CCJ.
Com informações de O Globo