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Chamado pelo Itamaraty a prestar esclarecimentos, embaixador da Hungria tentou normalizar estadia de Bolsonaro na embaixada durante Carnaval
O embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, esteve no Itamaraty nesta segunda-feira (25/3) para prestar esclarecimentos sobre a hospedagem de Jair Bolsonaro na embaixada de seu país durante o Carnaval.
O diplomata foi recebido pela secretária de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Maria Luísa Escorel. A conversa, segundo apurou a coluna, durou 20 minutos.
De acordo com fontes do Itamaraty, o embaixador mais ouviu do que falou. Em suas poucas falas, Miklós Halmai tentou normalizar a estadia do ex-presidente brasileiro na embaixada em fevereiro.
O diplomata húngaro, segundo relatos, teria repetido a mesma linha de defesa apresentada por Bolsonaro: a de que o ex-presidente esteve na embaixada para manter contato com autoridades da Hungria.
A secretária do Itamaraty, por sua vez, lembrou ao embaixador que Bolsonaro responde a processos criminais no STF que já resultaram em uma série de medidas restritivas contra ele; entre elas, a retenção do passaporte.
A visita de Bolsonaro
A estadia de Bolsonaro na embaixada da Hungria foi revelado pelo jornal The New York Times, que teve acesso a vídeos do sistema de segurança da representação diplomática no Brasil.
Segundo a reportagem do jornal americano, as imagens captadas mostram que Bolsonaro chegou à embaixada no dia 12 de fevereiro, segunda-feira de Carnaval.
Quatro dias antes, a PF tinha apreendido o passaporte do ex-presidente em investigação que apura suposta trama golpista liderada pelo ex-presidente para permanecer no poder após a derrota para Lula nas eleições de 2022.
Pela legislação internacional, embaixadas são consideradas invioláveis, sob jurisdição de outros países, não podendo ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução.
Isso significa que, mesmo com uma ordem de prisão, Bolsonaro não poderia ser detido dentro da embaixada sem a autorização de autoridades da Hungria.
Caso semelhante aconteceu com o fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange. Para evitar sua prisão, ele ficou de 2012 a 2019 na embaixada do Equador em Londres, até que o governo equatoriano suspendeu seu asilo.
Igor Gadelha – Metrópoles