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Autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário, acostumadas a longas negociações e idas e vindas, abriram mão da espera e adotaram um atalho para alcançar um desejo pessoal em comum: o emagrecimento. Um novo remédio, ainda utilizado de forma extraoficial para a perda de peso, tornou-se o assunto principal nas salas de poder, gerando uma febre que se espalha pelos corredores de Brasília de forma mais rápida do que as fofocas políticas.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), conhecido por criticar médicos que recomendavam cloroquina contra a Covid-19, mudou sua posição sobre parâmetros técnicos na busca pela redução de peso. Ele recebeu elogios do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do líder do União Brasil na Casa, Elmar Nascimento (União-BA), sobre um novo medicamento que promete milagres. Aziz adotou as injeções de Mounjaro e afirma ter perdido 25kg em pouco mais de três meses.
O Mounjaro tem a tirzepatida como princípio ativo e foi aprovado pela Anvisa para o tratamento de diabetes tipo dois no ano passado. A reguladora ainda analisa seu uso para a perda de peso, que atualmente ocorre de forma “off label”, ou seja, fora da indicação original.
A tirzepatida é semelhante à semaglutida, presente nos medicamentos Ozempic e Wegovy. Embora ambos sejam usados também para emagrecimento, o Ozempic ainda não foi aprovado pela Anvisa para essa finalidade, enquanto o Wegovy já recebeu o aval, mas ainda não está disponível no Brasil.
Atualmente, o Mounjaro é adquirido em locais como Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Japão, além de países da Europa. Nos EUA, onde é encontrado em farmácias, um ciclo de quatro doses custa cerca de US$ 1 mil, aproximadamente R$ 5 mil na cotação atual, para clientes sem plano de saúde.
Algumas autoridades têm combinado o uso do remédio com alimentação saudável e exercícios. Por exemplo, Arthur Lira adotou uma dieta intermitente e reduziu para cerca de duas refeições por dia. Preocupado com o peso antes de seu casamento, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, recorreu ao Mounjaro e perdeu 11kg em um mês.
O medicamento também conquistou os ministros Kassio Nunes Marques e Flávio Dino, do STF. Nunes Marques relatou sentir repulsa à comida com o uso da tirzepatida, enquanto Dino perdeu 26 quilos antes de assumir seu cargo na Corte.
No entanto, houve relatos de efeitos colaterais negativos, como os experimentados pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), que interrompeu o uso após sofrer com insônia, diarreia e dores no corpo.
É importante ressaltar que estudos indicam que a perda de peso com esses medicamentos pode não se manter a longo prazo sem mudanças de hábitos e um plano para quando o tratamento for interrompido. Portanto, o acompanhamento médico é fundamental para reduzir os efeitos colaterais e orientar sobre a dosagem adequada.
Com informações de O Globo.