Foto: Divulgação/Polícia Civil/Bruno Emídio da Silva Junior (à esquerda) foi morto por Agnaldo da Silva Oroski (à direita).
Os proprietários da residência onde Bruno Emídio da Silva Junior, de 33 anos, foi fatalmente atingido por um disparo no rosto, enquanto olhava sobre o muro, já haviam registrado um Boletim de Ocorrência contra o vizinho Agnaldo da Silva Oroski, preso nesta quinta-feira como o autor do tiro. Em declaração ao GLOBO, o delegado André Garcia, encarregado do caso, informou que o registro foi feito pela Polícia Militar, porém, os proprietários optaram por não instaurar um inquérito na delegacia por “medo do indivíduo”.
Bruno estava participando de um pequeno churrasco organizado pelo sobrinho dos donos da casa, enquanto estes estavam fora da cidade. O evento ocorreu no bairro Pirapó, em Apucarana, no Paraná. Segundo relatos da Polícia Militar, testemunhas presentes na confraternização relataram que ouviram disparos de arma de fogo na residência do vizinho.
— O Boletim de Ocorrência registrado pelos proprietários descreve uma situação semelhante à ocorrida durante o crime. O casal ouviu os sons de tiros enquanto desfrutava de uma reunião familiar em casa — afirmou Garcia. — Conforme o relato, as pessoas presentes na residência no momento dos disparos não conseguiram determinar se o som se tratava de fogos de artifício ou de uma arma de fogo.
Bruno também teria tido a mesma dúvida na noite do incidente. Para averiguar o que estava acontecendo, ele subiu no porta-gás do imóvel e espiou por cima do muro, momento em que o vizinho disparou contra seu rosto. Logo após, o empresário Agnaldo da Silva Oroski fugiu em um carro vermelho. As equipes policiais encontraram mais cinco marcas de tiros no muro da residência.
— Durante a perícia realizada na casa do autor, foram encontradas cinco marcas de bala no muro que divide as duas propriedades. Conforme pude observar, esses disparos foram os que as quatro pessoas presentes no churrasco, incluindo a vítima, ouviram e foram investigar — explicou Garcia. — No depoimento, as três testemunhas afirmaram ter ido até o corredor onde a vítima foi atingida e gritaram para o vizinho, pedindo para que parasse de soltar “bombinhas”, que era o que eles acreditavam ser a fonte dos barulhos.
Quando os policiais chegaram ao local, por volta das 23h, encontraram Bruno caído no chão, enquanto sua namorada tentava reanimá-lo com massagem cardíaca. Uma equipe do Samu foi acionada, mas o homem não resistiu aos ferimentos e faleceu no local.
Dois dias após o crime, na segunda-feira, Agnaldo se apresentou à polícia e alegou ter disparado em legítima defesa. Segundo ele, estava em casa quando ouviu um “barulho no telhado”. Entretanto, essa versão não condiz com os depoimentos e as evidências, conforme esclarece o delegado André Garcia, responsável pelas investigações.
— Ele afirmou ter ouvido um barulho no telhado, saiu com a arma em punho e avistou um homem tentando invadir sua casa. Entretanto, esta narrativa não é corroborada por nenhuma outra evidência — disse Garcia.
O empresário pode ser indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e por impossibilitar a defesa de Bruno.
Armas e munições deflagradas Após os relatos das testemunhas, os policiais entraram na casa do vizinho, onde encontraram uma espingarda de pressão modificada para calibre .22, equipada com luneta, e uma escopeta, além de 49 munições de diferentes calibres intactas e outras 19 deflagradas.
Também foram encontrados dois carregadores de pistola calibre .380 municiados em cima de um guarda-roupa. Posteriormente, a Polícia Científica apreendeu mais 11 estojos de pistola calibre .380 em um corredor que liga a frente aos fundos da residência.
A arma utilizada no crime, uma pistola calibre .380, foi encontrada pela polícia escondida na casa do autor. A descoberta foi comunicada ao delegado pelo advogado de Oroski, antes de sua apresentação na delegacia. Segundo o delegado, o atirador não possui antecedentes criminais, e todas as armas estão devidamente registradas legalmente pela Polícia Federal, permitindo que o proprietário as mantenha em casa.
A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o crime. Até o momento, testemunhas foram ouvidas, e diligências estão sendo realizadas para concluir as investigações.
Com informações de O Globo.