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Militares envolvidos no inquérito sobre o golpe e que até agora optaram pelo silêncio planejam um confronto de versões em relação aos depoimentos dos ex-comandantes Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica).
Um dos alvos que indicaram a intenção de seguir por esse caminho é o ex-chefe da Marinha, Almir Garnier Santos. De acordo com os relatos de Freire Gomes e Baptista Junior, ele foi o único dos comandantes das Forças Armadas a concordar com a proposta de golpe de Jair Bolsonaro e afirmou que “colocaria suas tropas à disposição”. Garnier permaneceu em silêncio durante os interrogatórios conduzidos pela Polícia Federal no mês passado. Agora, planeja solicitar à sua defesa que marque um novo interrogatório para apresentar sua versão dos fatos.
Em conversas com pessoas próximas, Garnier tem negado que tenha visto a minuta golpista durante a reunião com Bolsonaro e Freire Gomes. Segundo o ex-comandante do Exército, no entanto, o assessor especial da Presidência, Filipe Martins, teria lido um texto com os “fundamentos jurídicos” da minuta de golpe.
O general relatou à PF que Bolsonaro apresentou uma versão do documento em outro encontro, incluindo a “Decretação do Estado de Defesa” e a criação da “Comissão de Regularidade Eleitoral”, destinada a “apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral”. Segundo Freire Gomes, Garnier e o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, estavam presentes.
Nogueira, outro investigado, também indicou a aliados sua intenção de pedir um novo interrogatório à PF para confrontar as versões apresentadas até o momento, após manter silêncio na primeira intimação da PF.
Tanto Freire Gomes quanto Baptista Junior detalharam, em seus depoimentos, que Nogueira conduziu uma reunião na sede do Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022, sem a presença de Bolsonaro. Durante o encontro, Nogueira teria apresentado uma minuta de decreto de golpe.
O chefe da Aeronáutica relatou que, na reunião, Nogueira mencionou que tinha uma minuta e que gostaria de mostrá-la. Baptista Junior então questionou: “Este documento prevê a não posse do novo presidente eleito?”. Segundo o brigadeiro, o ministro da Defesa ficou em silêncio, e ele e Freire Gomes se recusaram a analisar o conteúdo da minuta.
Os investigadores afirmaram que, se os alvos solicitarem novos depoimentos, os pedidos serão analisados, mas ressaltaram que atualmente não há interesse, pois eles já tiveram oportunidade de se manifestar.
Com informações da O Globo.