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Declínio das ações da Vale se devem à fragilidade do minério de ferro no exterior
A Bolsa brasileira fechou em queda e terminou a semana abaixo dos 127 mil pontos. Nesta sexta-feira (15), o Ibovespa foi pressionado principalmente por forte declínio da Vale, seguindo a fragilidade do minério de ferro no exterior, e pela alta dos juros futuros no Brasil, que impactou especialmente as chamadas “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica.
No caso da mineradora, que é a empresa de maior peso do Ibovespa, preocupações sobre a demanda chinesa por minério de ferro derrubaram o preço da commodity e, consequentemente, penalizaram as ações da companhia, após siderúrgicas de províncias da China terem pedido cortes na produção de aço.
Nos juros futuros, o que pesou foram dados mais fortes que o esperado sobre emprego e serviços no Brasil, divulgados nesta sexta.
Nesse cenário, o Ibovespa caiu 0,74% e terminou a semana aos 126.741 pontos, acumulando perda de 0,25% desde a última sexta.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta que o setor de serviços cresceu 0,7% em janeiro na comparação com o mês anterior, acima das projeções de 0,4% de economistas consultados pela Reuters. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 4,5%, contra expectativa de alta de 1,6%.
Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego mostrou que o Brasil abriu 180.395 vagas formais de trabalho em janeiro, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O resultado ficou bem acima da expectativa de 90 mil.
“O retrato segue de um mercado de trabalho apertado e o dado de hoje indica que podemos observar uma nova rodada de revisão nas projeções de crescimento e nas preocupações com a inflação de serviços, tema que o BC segue atento”, diz João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.
Já analistas da Genial Investimentos destacam que, apesar de os novos números adicionarem um viés positivo para o crescimento e o desempenho do mercado de trabalho, também mostram um risco para a convergência de inflação para a meta 3% -com banda de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
“A resiliência da atividade econômica deve atuar como um fator limitador para o atual ciclo de cortes de juros, que, na nossa avaliação, deve ser encerrado em 9,5% ao na reunião de julho”, dizem os analistas.
Nesse contexto, os novos dados desencadearam um movimento de alta nas curvas de juros futuros brasileiras. Os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2027 subiam de 10,03% para 10,11%, enquanto os para 2029 saíam de 10,51% para 10,60%.
“Os vencimentos médios e longos foram mais impactados, e isso mostra que o mercado não vê influência sobre as decisões mais próximas do Copom, mas pode pesar sobre a taxa terminal da Selic, com a autoridade monetária podendo optar pela cautela e encerrar antecipadamente o ciclo de queda dos juros diante dos sinais de que a economia segue resiliente”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Com isso, as “small caps”, empresas mais sensíveis a oscilações domésticas, registravam fortes quedas. Yduqs, Renner e Cogna lideravam as perdas com recuos de 8,75%, 6,89% e 6,05%, respectivamente, e o índice que reúne essas companhias caía 0,86%.
No câmbio, o dólar teve alta e chegou a ultrapassar os R$ 5, mas ainda manteve-se sem grandes alterações antes da próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que terá início na terça (19). A moeda americana terminou o dia em alta de 0,20%, cotado a R$ 4,997, e acumula valorização semanal de 1,26%.
A expectativa do mercado é que o banco central dos EUA mantenha os juros inalterados, mas investidores aguardam sinalizações do Fed sobre seus próximos passos para alinhar as apostas sobre quando as taxas vão começar a cair. Atualmente, o consenso é de que o afrouxamento monetário deve ser iniciado em junho.
No pico do dia, a moeda à vista chegou a ser negociada em R$ 5,0024 na venda, alta de 0,29%. O dólar havia superado brevemente a marca R$ 5 na segunda-feira (11), e, antes disso, a última vez em que havia cruzado esse patamar fora no início de fevereiro.
(Marcelo Azevedo / Folhapress)