Após o fechamento do espaço aéreo venezuelano para voos provenientes da Argentina na noite de terça-feira, o governo liderado por Javier Milei reagiu declarando que o país “não cederá à chantagem de indivíduos associados ao terrorismo”. O porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, afirmou que a Argentina “iniciou uma ofensiva diplomática contra a Venezuela”, considerando os impactos negativos dessa medida para o setor aéreo nacional.
— Confirmo que a Argentina iniciou uma ação diplomática contra a Venezuela, liderada por Maduro, após sua decisão de proibir o uso do espaço aéreo por aeronaves argentinas, com os danos que isso acarreta para nosso país — disse Adorni em entrevista nesta manhã.
O episódio é mais um capítulo das tensões entre Milei e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em torno da detenção de um avião da Emtrasur, companhia venezuelana, cuja tripulação era de origem iraniana. A aeronave foi confiscada em solo argentino a pedido dos Estados Unidos, que denunciou uma suposta conexão com a Guarda Revolucionária do Irã. Após passar meses no Aeroparque Jorge Newbery, em Buenos Aires, o avião foi enviado em fevereiro aos EUA, sob suspeita de uso para operações secretas. A Venezuela, por outro lado, acusa a Argentina de “roubar” o Boeing.
— Isso faz parte de uma retaliação da Venezuela porque a Argentina aceitou a ordem de confiscar o avião da Emtrasur ligado à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã. A Argentina não vai permitir ser chantageada por amigos do terrorismo — afirmou Adorni.
Em uma carta enviada pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina, o governo advertiu que tomará as medidas necessárias na Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) por violação à Convenção de Chicago, de 1944, que estabeleceu as bases do Direito Aeronáutico Internacional que vigoram até hoje.
A decisão venezuelana de fechar o espaço aéreo afeta diretamente as operações da empresa Aerolíneas Argentinas em suas rotas para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy (JFK), Miami e Punta Cana, de acordo com o que fontes ouvidas pelo jornal argentino La Nación.
O desentendimento ideológico entre Milei e Maduro já levou a vários confrontos no passado. Um deles foi sobre o avião, que estava na Argentina desde o governo de Alberto Fernández.
— Eles roubaram nosso avião da Emtrasur. O bandido de Milei roubou o avião da Venezuela. Javier Milei, o herói da ultradireita de mentira, roubou um grande avião da Venezuela, de vocês, trabalhadores da Conviasa. O louco Milei, ele finge ser louco ou é louco, ou os dois ao mesmo tempo? Ah, mas ele roubou um avião da Venezuela — disse Maduro.
Após o líder venezuelano usar parte de seu discurso anual na Assembleia Nacional para criticar o líder libertário, referindo-se a ele como “um erro na história da Argentina e da América Latina” devido às políticas que ele pretende implementar para reduzir a intervenção do Estado, Milei respondeu durante sua participação no Fórum de Davos.
“Não esperava tantos elogios”, ironizou o presidente na rede social X, acrescentando: “O socialista empobrecedor de Maduro dizendo que sou um erro histórico na América Latina confirma que estamos no caminho certo”.
Com informações de O Globo