3/5/2022. REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração
O Airbnb anunciou que vai proibir a instalação de câmeras de segurança dentro de hospedagens cadastradas em sua plataforma ao redor do mundo. A nova regra começará a valer a partir de 30 de abril e visa oferecer mais privacidade para os usuários.
Historicamente, a empresa permitia o uso de câmeras de segurança internas em áreas comuns, como corredores e salas de estar, desde que divulgadas previamente na página do anúncio, antes da reserva, claramente visíveis e não localizadas em espaços como áreas de dormir e banheiros.
A atualização da política do uso, simplifica a abordagem e deixa claro que câmeras de segurança não são permitidas dentro das acomodações, independentemente de sua localização, finalidade ou divulgação prévia.
“Nosso objetivo era criar regras novas e claras que proporcionem à nossa comunidade maior clareza sobre o que esperar do Airbnb. Estas mudanças foram feitas em consultas com os nossos hóspedes, anfitriões e especialistas em privacidade, e continuaremos a buscar feedback para ajudar a garantir que as nossas políticas funcionam para a nossa comunidade global”, afirmou Juniper Downs, Head de Política da Comunidade e Parcerias do Airbnb.
Como a maioria das acomodações no Airbnb não apresenta câmeras de segurança, o esperado é que a atualização impacte uma quantidade menor de acomodações na plataforma.
Juntamente à proibição de câmeras internas, a política revisada também incluirá regras mais abrangentes sobre a utilização de câmeras de segurança em áreas externas e outros dispositivos, incluindo monitores de decibéis de ruído.
Em abril do ano passado, a CNN reportou que uma canadense encontrou uma câmera escondida em banheiro de uma acomodação do Airbnb.
À época, Kennedy Coolwell utilizou sua conta no TiktTok para compartilhar a experiência que viveu ao lado de 14 amigas.
Ambas alugaram uma casa do Airbnb para comemorar um aniversário, já no segundo dia de hospedagem uma das mulheres sentiu que estava sendo observada e decidiu olhar todos os cômodos do local com uma lanterna.
“Ela procurou em cada chuveiro, todos os porta-retratos, maçanetas, em todos os lugares da casa por uma câmera e encontrou uma no banheiro”, explicou Kennedy no vídeo que já passa de cinco milhões de visualizações.
“A tomada não funcionava, você não podia conectar nada nela […] Uma das saídas era voltada diretamente para o chuveiro”.
Mostrando a foto do plugue no banheiro, a jovem explicou: “Você pode ver aqui em cima, não há nada, parece totalmente normal. E então o de baixo, olhe para aquela câmera. Nós surtamos e chamamos a polícia”.
No Brasil, em janeiro deste ano, um casal encontrou uma câmera de vídeo em frente à cama de um flat no OKA Beach Residence, um resort na praia de Muro Alto, em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, no Grande Recife.
Segundo a polícia, os turistas perceberam o equipamento ao notarem uma luz em uma das tomadas do quarto. Ao olharem de perto, perceberam que havia um aparelho de gravação no local, que estava apontado para a cama de casal do quarto. “A finalidade, ao que parece, era captar cenas de relações sexuais de todos que utilizassem o quarto”, disse o delegado Ney Luiz Rodrigues em conversa com a CNN, à época.
Conforme o relato do casal no momento do registro da ocorrência, a hospedagem começou no dia 13 de janeiro. Desde o início, os turistas notaram que havia uma tomada em frente à cama do casal, cujo uso era inviabilizado pelo painel de madeira que a cobria, impedindo que ela fosse utilizada.
No dia 17 de janeiro, o casal estava utilizando a lanterna do celular, pois desconfiavam que havia baratas no painel da televisão. Em determinado momento, a lanterna do celular refletiu num ponto na tomada. Ao desmontarem a tomada, perceberam que se tratava de uma “câmera espiã”.
Ao pesquisarem na internet o modelo da câmera encontrada, perceberam que os modelos vendidos pela internet oferecem gravação e também transmissão em tempo real das gravações, via internet. Depois disso, procuraram a polícia.
O caso segue sob investigação pela Polícia Civil do Recife.
Sobre a mudança na regra do uso de câmeras internas, após o prazo em que as mudanças entrarão em vigor (30 de abril) as violações à política que forem denunciadas e levadas ao conhecimento do Airbnb serão investigadas e a plataforma poderá tomar ações que podem causar a remoção da acomodação e da conta na plataforma.
Ainda segundo a empresa, “a contribuição da comunidade e dos especialistas é fundamental para garantir que as políticas do Airbnb ajudem a comunidade a ter experiências positivas na plataforma”.
CNN