Foto: Reprodução.
Começaram neste domingo as eleições em Portugal, marcando o início de um pleito antecipado que pode testemunhar uma mudança política à direita após oito anos de governo socialista. As urnas foram abertas às 8h (horário local), e as projeções de pesquisa de boca de urna estão previstas para serem divulgadas a partir das 20h.
As eleições legislativas, originalmente programadas para 2026, foram convocadas após a renúncia inesperada do primeiro-ministro António Costa, de 62 anos, em novembro, em meio a uma investigação de tráfico de influência que envolveu uma busca em sua residência oficial. Embora não tenha sido formalmente acusado de nenhum crime, Costa optou por não se candidatar novamente.
Pesquisas de opinião divulgadas na sexta-feira mostram que a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, lidera por uma pequena margem em relação ao Partido Socialista (PS), mas não possui maioria absoluta no parlamento. Isso abre espaço para o partido de extrema-direita Chega desempenhar um papel crucial na formação de uma coalizão de governo.
No entanto, os analistas alertam que os resultados da eleição, a segunda em dois anos em Portugal, permanecem incertos devido ao grande número de eleitores indecisos.
Pedro Resende, um agente de segurança de 56 anos, expressou sua opinião em uma seção eleitoral em Telheiras, um bairro moderno de classe média alta no norte de Lisboa, afirmando: “Essas eleições representam uma possível mudança, não faria muito sentido fazer o contrário.”
A AD fez campanha com a promessa de impulsionar o crescimento econômico por meio da redução de impostos e da melhoria dos serviços públicos do país. Seu líder, o advogado Luis Montenegro, de 51 anos, afirmou em um comício final lotado na praça de touros de Lisboa na sexta-feira: “Nós realmente precisamos virar a página.”
Montenegro descartou qualquer acordo pós-eleitoral com o Chega, porém outros membros importantes da AD foram mais ambíguos. Os analistas sugerem que um acordo com o partido anti-establishment pode ser a única maneira para a AD garantir governabilidade.
Sob o governo de Costa, Portugal testemunhou uma queda no desemprego e um crescimento econômico de 2,3% no ano passado, uma das taxas mais rápidas da zona do euro. No entanto, muitos eleitores acreditam que o governo socialista desperdiçou sua maioria absoluta ao não melhorar os serviços públicos de saúde e educação, bem como ao não abordar a crise habitacional que gerou grandes protestos nas ruas.
Bernardo Guerra, um personal trainer de 28 anos, expressou sua esperança em uma mudança positiva após votar em uma escola secundária no centro de Lisboa, dizendo: “Em Portugal há muita corrupção, Portugal tem uma imagem ruim no exterior… Espero que um novo governo melhore essa situação.”
O novo líder do PS, o ex-ministro de Infraestrutura Pedro Nuno Santos, de 46 anos, defendeu o histórico do governo, enquanto reconhecia que poderia ter feito melhor em algumas áreas. Ele afirmou em seu último comício na sexta-feira: “A direita acha que vai ganhar a eleição com sua arrogância e falta de humildade habituais. É o povo português que vai decidir.”
Com informações de O Globo.