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Ainda navego pelas ruínas do Facebook, não por nostalgia, mas por praticidade: o Marketplace é útil para encontrar instrumentos musicais a preços acessíveis. Porém, a decadência da plataforma é evidente, uma vez que se tornou um amontoado de vídeos sensacionalistas, notícias duvidosas, anúncios personalizados e imitações de outros serviços. O cenário é ainda mais desolador para os mais jovens.
Esse declínio do Facebook é parte de um processo que o crítico tech Cory Doctorow chamou de “enshitification” – uma palavra que se popularizou na mídia internacional e foi considerada a palavra do ano de 2023 pela Sociedade Americana de Dialetos. Esse fenômeno não afeta apenas o Facebook, mas também outros serviços online, como Uber e TikTok.
O processo de “enshitification” ocorre em três estágios. No primeiro, as plataformas focam em atrair usuários a qualquer custo, como a Uber operando no prejuízo para oferecer preços baixos. Em seguida, elas privilegiam os parceiros de negócios em detrimento dos usuários, como a Amazon favorecendo lojistas menores dentro de seu site. Por fim, as plataformas abandonam os próprios parceiros e buscam o lucro máximo para si mesmas.
No caso do Facebook, a plataforma passou por esses estágios, desde aumentar a distribuição de notícias e vídeos em 2014 até reduzir drasticamente o alcance de postagens de veículos de imprensa em 2018. Essa mudança prejudicou a indústria da mídia, que se tornou dependente das timelines da rede social.
Enquanto isso, os usuários são bombardeados com publicidade direcionada em um ambiente cada vez mais desagradável, e os publicitários pagam caro por nossos dados. A situação é lucrativa para as empresas, mas representa uma degradação do ambiente online que gerou projetos colaborativos como a Wikipedia e o Linux.
Enfrentar essa deterioração dos serviços digitais e lidar com o vazio que eles deixam são desafios complexos, para os quais ainda não há soluções claras. O Twitter, por exemplo, se tornou um espaço para discutir esses problemas, mesmo sendo parte do mesmo ecossistema que contribui para eles. Essa mudança na internet é evidenciada por tweets como: “Lembro-me quando a internet não se resumia a cinco sites, cada um mostrando prints dos outros quatro”.
Com informações do Superinteressante.