No sul da França, uma descoberta extraordinária foi feita: um esqueleto de dinossauro quase completo, conectado desde o crânio até a cauda, um verdadeiro achado para os paleontólogos.
A história começou em maio de 2022, quando Damien Boschetto, um jovem paleontólogo amador de 25 anos, e seu fiel companheiro canino perambulavam por uma floresta em Montouliers. Boschetto, sempre atento aos detalhes, notou uma parte do penhasco que havia desmoronado recentemente e decidiu investigar. Aproximando-se com cautela, ele avistou algo intrigante: um osso exposto emergindo do solo.
A emoção tomou conta de Boschetto, que logo percebeu que se tratava de algo muito especial. O que seus olhos presenciavam era a ponta do iceberg, por assim dizer, o prenúncio de um fóssil de proporções épicas.
A Associação Cultural Arqueológica e Paleontológica do Museu Cruzy, em colaboração com o Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, identificou o fóssil quase completo de cerca de 10 metros de comprimento como um esqueleto de Titanossauro durante a escavação. Boschetto, que é membro da associação há oito anos, disse à CNN que desenterrar restos de dinossauros é “sempre emocionante e interessante para a pesquisa científica e a compreensão dos ecossistemas daquela época”, mas encontrar os ossos em sua posição anatômica quase original é o que torna essa descoberta extraordinária.
Fóssil de dinossauro de 70 mil anos descoberto na França / Damien Boschetto via CNN Newsource
“Do ponto de vista museográfico, isso permitirá apresentar ao público animais quase completos em posições anatômicas, o que é algo ótimo”, Boschetto adicionou por e-mail.
Um grupo de entusiastas da história e arqueologia criou a Associação Cultural Arqueológica e Paleontológica em 1975 para proteger o patrimônio em torno da vila de Cruzy, com vários membros se tornando entusiastas iluminados em paleontologia devido à riqueza de fósseis de dinossauros na região, disse Jean-Marc Veyssières, membro do grupo e um dos preparadores de fósseis desta descoberta. Hoje, a associação é composta por habitantes da região, incluindo alguns cientistas e estudantes.
“A coisa mais excitante foi perceber que tínhamos pelo menos um animal anatomicamente conectado e que era um titanossauro, um dinossauro de pescoço longo”, disse Veyssières por e-mail. “(Boschetto) é um entusiasta esclarecido e curioso sobre a natureza, ele passa muito tempo explorando a região em busca de novas áreas. … Ele se tornou um especialista na fauna do Cretáceo Tardio de nossa região.”
Damien Boschetto (esq.) e Jean-Marc Veyssières / Damien Boschetto via CNN Newsource
Nos últimos dois anos, uma equipe dedicada tem explorado um local extraordinário: um verdadeiro leito de ossos, como os paleontólogos chamam áreas com alta concentração de fósseis. Liderada pelo paleontólogo Bruno Boschetto, a expedição já havia feito descobertas importantes, mas nada se comparava ao que estava por vir.
Recentemente, a equipe revelou ao mundo um esqueleto de Titanossauro incrivelmente completo, com cerca de 70% de seus ossos preservados. Mas este não foi o único achado: ao lado do gigante herbívoro, jazia uma rica variedade de fósseis de outros dinossauros e vertebrados, alguns em conexão anatômica e quase completos. Entre os destaques, estavam os restos de um Rhabdodon, outro dinossauro herbívoro, e fragmentos de esqueletos de predadores como Terópodes e crocodilos.
Atualmente, o esqueleto do Titanossauro encontra-se no laboratório do Museu Cruzy, onde será meticulosamente estudado por uma equipe de especialistas. As análises revelarão segredos sobre a vida e a época desse gigante pré-histórico, além de fornecer pistas valiosas sobre o ecossistema em que viveu. As descobertas feitas nesse leito de ossos prometem revolucionar nosso conhecimento sobre os dinossauros do Brasil e do mundo.
Titanossauro quase intacto
Cientistas estimam que o fóssil recém-descoberto tenha entre 70 e 72 milhões de anos. Isso nos leva a uma época distante, quando os Titanossauros vagavam pela Terra em seus quatro membros colossais. Estes gigantes herbívoros de pescoço longo, que pertenciam ao grupo dos Sauropodes, dominaram o cenário pré-histórico entre 163,5 e 66 milhões de anos atrás, segundo a Britannica.
Enquanto os restos de Titanossauros são frequentemente encontrados na Europa, é raro encontrar esqueletos em conexão anatômica. Essa descoberta excepcional, feita por Diego Boschetto, revela que o corpo do animal foi enterrado antes da decomposição completa, preservando “tecidos que conectam os ossos”, explica Matthew Carrano, curador de dinossauros do Museu Smithsonian.
A completude do fóssil abre um leque de possibilidades para os cientistas. “Poderemos determinar se é uma nova espécie ou um novo exemplar de uma já conhecida”, relata Carrano. “Levará tempo para desvendar todos os segredos deste espécime, mas tenho certeza de que ele nos trará informações valiosas sobre este grupo de dinossauros.”
A região onde o fóssil foi encontrado é rica em registros da Era Mesozóica, reunindo “uma das maiores coleções de dinossauros do Cretáceo Superior na França”, afirma Boschetto. A divulgação da descoberta só foi feita após a finalização da escavação, para proteger o sítio arqueológico.
A equipe de Boschetto pretende continuar as pesquisas e buscar novos fósseis na área. O objetivo é criar um museu de grande porte para abrigar e apresentar essas coleções, abrindo as portas para uma compreensão mais profunda do passado e da vida na Terra.
Com informações de CNN
