Em delação premiada feita pela Polícia Federal e aprovada pelo Supremo Tribunal Federal, o operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério, diz que soube por dois ex-auxiliares de Lula que o ex-presidente foi chantageado.
Segundo Valério, o empresário Ronan Maria Pinto, que tinha negócios com a prefeitura na gestão do petista Celso Daniel, assassinado em 2002, ameaçava revelar detalhes do crime, que envolveria ligações do PT com o PCC. O depoimento de Valério foi gravado em vídeo.
A chantagem, segundo o publicitário, foi bem sucedida. Segundo Valério, o pagamento dos 6 milhões de reais foi feito por intermédio de uma operação fraudulenta articulada pelo pecuarista José Carlos Bumlai junto à Petrobras — tudo com o aval do ex-presidente Lula.
O operador do mensalão conta que Ronan pediu dinheiro para não tornar público o esquema de arrecadação de propinas que existia na prefeitura de Santo André, dinheiro que alimentava o caixa do PT. Esses recursos arrecadados junto ao crime organizado, disse Valério, eram repassados ao partido e ao próprio presidente Lula, por intermédio do ex-ministro Gilberto Carvalho.
Marcos Valério foi condenado a 37 anos de cadeia por subornar parlamentares em troca de apoio ao governo Lula no Congresso. Ele cumpre pena em regime domiciliar.