Maurício Tonetto/Divulgação – 8.fev.2023
Deputados e vereadores rejeitam ruptura com o prefeito, que, em entrevista coletiva pela manhã, disse que esperava mais ‘maturidade’ do gaúcho
A declaração do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de que o PSDB não deveria embarcar no projeto de reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), irritou tucanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e da Câmara Municipal paulistana. Em entrevista pela manhã, o prefeito lamentou a fala do gaúcho e disse que esperava mais “maturidade” dele.
— Fico triste de o Eduardo Leite falar isso porque o candidato sou eu, não é o Bolsonaro. Eu recebo apoios — afirmou o emedebista, enfatizando que foi eleito numa chapa junto com o PSDB e que sua administração é basicamente do PSDB. — Esperaria do governador Eduardo Leite um pouco mais de maturidade nesse tema — completou ele.
Nunes também ressaltou que o MDB apoiou Leite na eleição para o Rio Grande do Sul, indicando, inclusive, o ex-deputado estadual e hoje vice-governador Gabriel Souza (MDB) para a chapa.
Em entrevista ao GLOBO na última segunda-feira, após participar de um evento na Fundação FHC, Eduardo Leite declarou que o caminho escolhido por Nunes, de buscar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não está alinhado com o projeto que o PSDB busca construir nacionalmente, de oferecer uma alternativa à polarização.
A manifestação do gaúcho, que deixou o comando do partido no ano passado, foi alvo de críticas de parlamentares em São Paulo, motivando até um pronunciamento na Alesp. O deputado federal Barros Munhoz (PSDB) utilizou o púlpito da Casa para comunicar que, após uma reunião com a maioria dos membros da federação PSDB-Cidadania, ficou estabelecido que a bancada irá apoiar Ricardo Nunes.
— É uma manifestação clara e transparente para que não haja nenhum outro movimento que nos tire dessa direção. Somos deputados estaduais de São Paulo e vamos decidir, na nossa opinião, qual deve ser a posição do partido em São Paulo, a capital do nosso estado — discursou Munhoz.
Em entrevista ao GLOBO, o deputado tucano classificou a declaração de Eduardo Leite como “totalmente inoportuna”.
— Seria como eu opinar sobre quem deve ser o candidato apoiado pelo PSDB em Pelotas. É uma declaração totalmente inoportuna. O Ricardo é sucessor do Bruno Covas, não é uma aventura nossa, temos uma história juntos. E achamos que é também a melhor opção — defendeu Munhoz.
O posicionamento de Leite também desagradou vereadores tucanos. Rute Costa afirmou que a declaração do governador é típica de alguém que está “fora do cenário paulistano”.
— O Ricardo foi vice-prefeito do Bruno Covas. Como negar o nosso DNA na eleição dele agora?— questionou ela.
O vereador tucano Fabio Riva, líder do governo na Casa, sugeriu que a declaração tem a ver com o interesse pessoal de Leite em ser candidato à Presidência em 2026.
— Ele está pensando nele, e o partido é muito maior. O governador precisa se preocupar mais com o estado dele do que com São Paulo, que está muito bem representada pelos vereadores. Quem tá certo: quem vive a cidade ou quem assiste de camarote de outro estado? —pontuou Riva. — Com essa fala, me parece que o governador Eduardo Leite acena para o PT. Será que é por que espera um apoio ao seu projeto pessoal ou por que tem dívida de gratidão pelo apoio recebido em 2022, em sua reeleição?
O Globo