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O debate em torno da participação das mulheres em funções militares combatentes ganhou destaque recentemente, especialmente após o Exército brasileiro defender a proibição dessa atuação, fundamentando-se em diferenças fisiológicas como principal motivo. No entanto, essa posição tem sido questionada à luz de exemplos de outros exércitos ao redor do mundo.
O Exército brasileiro argumenta que as discrepâncias fisiológicas entre homens e mulheres afetam adversamente o desempenho em situações de combate, especialmente em áreas como Cavalaria, Infantaria, Artilharia e Engenharia, que requerem habilidades específicas, como manejo de armas e operação de veículos blindados. No entanto, tais argumentos parecem menos relevantes em um contexto de guerra cada vez mais dominado pela tecnologia, que reduz a importância do esforço físico.
Exemplos internacionais, como Estados Unidos e Israel, demonstram a capacidade das mulheres em ocupar diversos cargos nas forças armadas, incluindo posições de liderança de alto nível. Os EUA, por exemplo, têm mulheres em cargos como o Comando Sul e o Estado-Maior Conjunto. Além disso, Israel abriu 90% dos cargos militares para mulheres, embora com algumas restrições em unidades de combate de elite. A Coreia do Sul também adotou políticas mais inclusivas em relação às mulheres em funções de combate.
Portanto, enquanto as diferenças fisiológicas devem ser consideradas, elas não devem ser o único critério determinante. O foco excessivo do Exército brasileiro na força física como requisito exclusivo é questionável em um cenário militar cada vez mais orientado pela tecnologia, que demanda habilidades cognitivas e técnicas.
O uso de argumentos baseados unicamente na fisiologia levanta preocupações sobre a perpetuação de estereótipos de gênero e a criação de obstáculos para o avanço das mulheres em posições de liderança e comando. Portanto, o debate sobre a participação feminina em funções militares combatentes requer uma abordagem equilibrada, considerando não apenas as diferenças fisiológicas, mas também as capacidades individuais das mulheres, como demonstrado por exemplos internacionais.
Nesse sentido, é importante que o Exército brasileiro reavalie sua posição à luz das práticas adotadas por outros comandos militares ao redor do mundo, que mostram uma política mais inclusiva e alinhada com as demandas do cenário militar contemporâneo.
Com informações da Revista Sociedade Militar.