A condenação do jornalista potiguar Ailton Medeiros por danos morais à ex-procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, foi mantida pela 7ª turma Cível do TJ/DF, em decisão publicada na segunda-feira (5). Ele deve pagar indenização de R$ 25 mil por danos morais e arcar com custas processuais e honorários advocatícios, arbitrados em 10% do valor da condenação, além de publicar a sentença, nos mesmos meios de comunicação e com o mesmo destaque da ofensa.
O valor foi fixado considerando que Ailton atua como jornalista em Nova Iorque e Paris. Mas o potiguar vive em Natal, onde, na verdade, é servidor público estadual da Secretaria de Educação; o último emprego como jornalista foi em 2007, no extinto Jornal de Hoje; e desde a década de 1990 não sai do Brasil nem a passeio.
Acontece que Ailton tinha na bio do seu perfil @blogdoailton no Twitter “Rio de Janeiro, Nova Iorque e Paris” por gostar e admirar essas metrópoles. Atualmente, a localização é “Marte e Júpiter”.
“Foi uma sentença equivocada e desproporcional. Respeito a Justiça, mas preciso recorrer e mostrar que não tenho condições de pagar esse valor, porque tenho uma única renda e um salário que mal dá pra pagar minhas contas. Nunca fiz nenhuma viagem como jornalista para qualquer outro estado. Nunca exerci a profissão fora do RN e fora do Brasil. Tenho documento da Polícia Federal atestando isso”, justificou Medeiros.
O processo
De acordo com o processo, de 2018, o potiguar publicou uma foto de Dodge e postou a seguinte frase do dramaturgo Bertold Brecht: “a cadela do fascismo está sempre no cio. Depois, passou “a usar a palavra cadela para se referir concretamente à autora, como alcunha injuriosa e degradante ao gênero feminino”, da seguinte forma: “a cadela do @MPF_PGR” referindo-se ao perfil oficial da Procuradoria-Geral da República.
Ailton alega que a expressão não tinha o objetivo de macular a honra e a imagem de Raquel Dodge ou de depreciar as mulheres, como entendeu a Justiça. O potiguar lembra outras vezes que usou as palavras de Brecht.
“É uma frase política, muito conhecida e citada em vários textos de sociólogos e comentaristas políticos. Mas por ela ser mulher foi tido como um fato misógino. Eu já tinha usado essa mesma frase com relação ao general Villas Bôas”.