Uma jovem foi detida por injúria racial após proferir ofensas raciais contra clientes de um supermercado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O incidente ocorreu na última sexta-feira (16), e um vídeo que registrou a ofensa ganhou destaque nas redes sociais.
Letícia Karam de Assis, de 21 anos, foi presa em flagrante, mas posteriormente foi liberada durante a audiência de custódia. Ao ser questionada, a Polícia Civil não pôde fornecer o nome do advogado dela, e a defesa da mulher não foi localizada pela reportagem.
Mulher é presa no RJ após chamar clientes de supermercado de "negrada" pic.twitter.com/MUVnT9bMUa
— Diario do Brasil Notícias (@diariobrasil_n) February 21, 2024
O jornalista Daniel Nascimento relatou à Folha que foi agredido verbalmente e fisicamente por Letícia e pela mãe dela. Segundo ele, a discussão teve início devido a uma situação na fila do caixa do estabelecimento.
Daniel explicou que a mulher no vídeo, com cabelos loiros, estava na frente dele na fila do caixa, mas saiu para ficar com a filha, Letícia, que estava em outra fila ao lado. Ao tentar retornar à frente do jornalista, ela esbarrou nele. Daniel afirmou que sugeriu que a mulher decidisse onde gostaria de permanecer, iniciando assim a discussão.
“Ela me olhou e disse que ficava onde quisesse. Depois a filha dela começou a me insultar dizendo que eu era um lixo, um pobre coitado e neguinho feio”, relatou o jornalista. “Ela usou da minha cor para me afrontar. Estamos em pleno século 21 e parece que o racismo nunca vai acabar”, completou.
O jornalista disse ainda que foi agredido com arranhões e socos por Letícia. Daniel afirmou que também deu socos na confusão, segundo ele, para reagir às agressões.
“Eu não me orgulho disso, mas eu tive que me defender. Ela me arranhou e eu ainda tenho as marcas no braço”, disse, mostrando os machucados.
Pessoas que estavam em outros caixas começaram a defender Daniel. Em um vídeo, gravado por ele dentro do supermercado, o jornalista discute com a mãe e diz que a filha cometeu agressão contra ele.
“Essa negrada, sabe?”, diz a mulher no vídeo, causando indignação de outros clientes do estabelecimento.
“É muito vergonhoso porque naquela hora, eu tive o apoio de pessoas que eu não conhecia e me defenderam e acabaram sendo agredidos também, mas eu só queria sair dali. Só quem passa por isso sabe. Não foi a primeira vez, mas agora eu resolvi expor”, disse, chorando.
“Eu sou jornalista e vejo diversos casos, mas a gente só sabe mesmo quando sente na pele. Eu só espero na Justiça e vou até as últimas consequências para que o que aconteceu comigo sirva para outras pessoas que passam pelas mesmas coisas também tomem coragem de falar”, completou.
O incidente foi registrado na 52ª Delegacia de Polícia, localizada em Nova Iguaçu. Conforme informações policiais, a mulher foi levada à delegacia por policiais militares, onde foi formalmente acusada de injúria racial.
Durante a audiência de custódia, a Justiça confirmou a detenção, porém, concedeu liberdade provisória à mulher, estabelecendo algumas condições a serem seguidas.
Conforme a decisão judicial, Letícia Karam está proibida de entrar em contato ou se aproximar das vítimas e testemunhas, além de não poder deixar a cidade por mais de 15 dias. A partir do mês de abril, ela também é obrigada a comparecer trimestralmente perante o juízo da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu.
Com informações da Folha de SP