Os tribunais russos iniciaram a imposição das primeiras penas de prisão para indivíduos detidos durante manifestações e homenagens ao falecido líder opositor Alexei Navalny, que morreu na última sexta-feira em uma prisão no Ártico. O número de prisões ultrapassou 380.
São Petersburgo liderou em termos de quantidade de sentenças, totalizando 154 de acordo com documentos oficiais. A maioria das penas varia até duas semanas de prisão, por violação das leis que regulam protestos na Federação Russa. Muitos manifestantes estavam reunidos ao redor de memoriais espontâneos, depositando flores e fotos de Navalny nas calçadas, prática comum após a morte de figuras políticas russas.
Um caso relatado pelo site Live 24 Blog envolveu a detenção e sentença de 14 anos de prisão para um homem que portava um cartaz com o nome de Navalny em Krasnodar, no Sul da Rússia. Em Samara, na região dos Montes Urais, um homem foi preso ao depositar flores perto de um parque e foi indiciado por vandalismo. Em Ecaterimburgo, o partido Yabloko, de orientação social democrata, suspendeu uma homenagem na sede local após a chegada da polícia — Navalny foi expulso do Yabloko em 2007, após participar de uma marcha ultranacionalista, mantendo uma relação tensa com a sigla desde então.
Desde o anúncio da morte de Alexei Navalny na sexta-feira, 387 pessoas foram detidas em manifestações em toda a Rússia, de acordo com o site OVD-Info, que monitora a repressão política no país, fornecendo dados em tempo real sobre prisões e condenações. Conforme as leis russas, todas as manifestações, independentemente de seu tamanho, exigem autorização oficial, algo praticamente impossível para a oposição. Com o início da guerra na Ucrânia, as regras foram ainda mais restritas, resultando na prisão de quase 20 mil pessoas, algumas condenadas a penas superiores a 10 anos de prisão.
Dentro do governo, há uma aparente ordem de silêncio em relação à morte de Navalny. Poucas declarações oficiais foram feitas, principalmente pelo secretário de Imprensa, Dmitry Peskov. A imprensa oficial, que inicialmente deu destaque ao anúncio da morte, reduziu o tempo dedicado ao assunto. O partido Rússia Unida, principal sigla governista, aconselhou seus partidários a evitarem abordar o tema em público, especialmente porque o país se prepara para uma eleição presidencial no próximo mês, na qual Vladimir Putin é considerado o franco favorito para mais um mandato de seis anos. Ele permanece no poder desde 2000, ocupando os cargos de presidente e primeiro-ministro.
Com informações de O Globo