Uma revisão de estudos conduzida por pesquisadores da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido (UKHSA) e do instituto britânico King’s College London buscou avaliar o impacto na saúde do home office, a prática de trabalhar de forma remota. O trabalho foi publicado na revista científica Journal of Occupational Health.
Os cientistas analisaram 1.930 artigos acadêmicos sobre o tema e outros seis artigos que também foram revisados. Concluíram que há benefícios, como uma alimentação mais saudável, menor carga de estresse e pressão arterial mais baixa. No entanto, o estudo apontou que trabalhadores remotos são mais propensos a beber mais álcool, fumar mais e ganhar mais peso.
Aqueles que aderem ao home office tendem a se ausentar menos por doença, trabalham mais horas e com mais frequência durante a noite e os fins de semana em comparação ao trabalho presencial, também mostrou o estudo.
Ao jornal britânico The Guardian, o professor Neil Greenberg, psiquiatra do King’s College London e um dos autores do trabalho, explicou os resultados e destacou que há muitos fatores que influenciam como o home office repercute em cada indivíduo.
“No geral, as pessoas se sentiram mais produtivas em casa. Foi particularmente bom para coisas criativas, mas muito mais difícil para lidar com assuntos tediosos. Muitas pessoas se preocupam com as perspectivas de carreira, essa sensação de que, se você não estiver presente no escritório, será esquecido”, disse Greenberg.
Além disso, os resultados dos estudos analisados foram variados, o que demonstra a necessidade de mais trabalhos sobre o tema, escreveram os autores no estudo. Um dos efeitos mais claros, porém, foi na alimentação.
Os pesquisadores afirmaram que a transição para o trabalho remoto durante a pandemia foi associada a um aumento na ingestão de vegetais, frutas, laticínios, lanches e refeições caseiras. No entanto, a revisão também mostrou um ganho de peso entre aqueles que passaram a trabalhar de casa, possivelmente atrelado ao momento da pandemia com a restrição das opções de atividade física.
Greenberg defende que tudo é uma questão de estratégia do funcionário e do empregador para garantir o bem-estar. “Analisamos uma enorme quantidade de evidências dos anos e o que nossa análise mostra é que existem maneiras de fazer com que a abordagem do trabalho em casa realmente funcione bem para a organização e também para o funcionário”, disse Greenberg ao Guardian.
Com informações do jornal O Globo.