A morte de Alexei Navalny, opositor russo, foi anunciada pela agência de notícias Reuters nesta sexta-feira (16), com base nas informações do serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, onde ele estava cumprindo uma pena de aproximadamente três anos.
Navalny, um ex-advogado que se tornou conhecido há mais de uma década por satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e denunciar casos de corrupção, liderou um movimento na década de 2010 que mobilizou milhares de pessoas nas ruas em oposição a Putin.
Preso pelas autoridades russas em janeiro de 2021 após retornar da Alemanha, onde estava sendo tratado por suspeita de envenenamento, Navalny foi condenado a permanecer na prisão até completar 74 anos, sob acusações que ele alegava serem fabricadas com o intuito de mantê-lo afastado da arena política.
Rotina na prisão
Navalny recebia ajuda para que seus textos sejam publicados. Em uma mensagem na rede social X, ele descreveu uma rotina matinal.
“O cantor Shaman ficou famoso depois que eu já estava na prisão, então eu não consegui vê-lo ou ouvir sua música. Mas eu sabia que ele havia se tornado o principal cantor de Putin. E que sua principal música é ‘Eu sou russo'”, escreveu Navalny.
“Claro que fiquei curioso para ouvi-la, mas onde conseguiria fazer isso na prisão? E então eles me levaram para Yamal (local da prisão no Ártico). E aqui, todo dia às 5h da manhã, ouvimos o comando ‘Levantem!’, seguido do hino nacional russo e, imediatamente depois, a segunda música mais importante do país é tocada — ‘Eu sou russo’, do Shaman”.
A ironia, segundo Navalny, é que a propaganda estatal já ressaltou que ele costumava acompanhar nacionalistas russos em marchas anuais e agora, anos depois, estava ouvindo uma música pop ultra-nacionalista com propósitos educacionais enquanto faz seus exercícios matinais na prisão.
“Sendo honesto, ainda não tenho certeza se entendo corretamente o que pós-ironia e meta-ironia são. Mas se não for isso, o que poderia ser?”, brincou Navalny.
Com informações de G1 e Reuters