A pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira acendeu alertas sobre os níveis de rejeição ao candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Com 39% dos eleitores dizendo que não votariam nele “de jeito nenhum”, o petista se aproxima de seus níveis mais elevados nesse ranking negativo que preocupa qualquer político — em 1994, por exemplo, Lula atingiu 40% de rejeição no Datafolha de 13 a 15 de setembro. Há, no entanto, um segundo sinal de alerta: um abismo que começa a se abrir entre homens e mulheres.
Eleitores homens nunca rejeitaram tanto um candidato petista à Presidência em duas décadas. Levantamento feito a partir de resultados do Datafolha pela pesquisadora Andressa Rovani, do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop/Unicamp), revela o recorde negativo de Lula. Com 44% de rejeição no público masculino (eram 40% há 15 dias), o petista atingiu o maior patamar para um candidato do partido desde as eleições de 2002. A informação é do Jornal O Globo.
Há 20 anos, muitas mulheres já negavam Lula: 35% (mesmo número de hoje), enquanto somente 27% dos homens não queriam o petistas. Agora, o quadro se inverteu. Os dados deste ano são do Datafolha, contratado pela Folha de S.Paulo e TV Globo. Em agosto de 2018, quando ainda aparecia nos questionários do Datafolha mesmo preso há meses em Curitiba, Lula conseguia ser menos rejeitado do que hoje: 33% entre o público feminino e 35% no masculino — nove pontos a menos na comparação com 2022.
Estratégia sem efeito
A rejeição de praticamente quatro em cada dez eleitores a Lula indica que a escolha do ex-tucano Geraldo Alckmin, hoje no PSB, como vice na chapa petista até o momento não foi capaz de diminuir a resistência dos segmentos mais conservadores ao ex-presidente.
— Lula sempre apostou em um vice conciliador, e desta vez ele se aprofundou nessa linha ao trazer um político que já foi seu adversário, com um perfil moderado para demonstrar a intenção de construir um grande pacto. Esse gesto pode ajudar a diminuir a rejeição, o que até agora não foi suficiente, e também agregar votos — analisa Lucio Rennó, professor de ciência política da UnB. (Colaborou Nicolas Yori)