Imagem: PR/ Ricardo Stuckert
As negociações do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, iniciadas em 1999, podem estar em risco, gerando preocupações para o Brasil. Na última quarta-feira (07), o vice-presidente executivo da União Europeia, Maros Sefcovic, declarou que as condições necessárias para concluir o tratado não foram atendidas. Em dezembro, o presidente francês, Emmanuel Macron, também expressou descontentamento, alegando que o acordo, modificado para agradar à França, não seria benéfico. A complexidade do bloco europeu, com 27 países, e a falta de um calendário definido para a implementação das medidas contribuem para a demora no processo, refletindo possíveis falhas na política externa brasileira.
A falta de concretização seria prejudicial, evidenciando a incapacidade dos blocos em alcançar um consenso e representando um revés para o Brasil. Na França, agricultores protestam contra o acordo, alegando prejuízos ao setor devido à importação mais barata dos produtos do Mercosul, que não precisam atender aos rigorosos padrões ambientais europeus. Esse movimento se estende a outros países europeus, como Itália, Grécia e Bélgica, onde os agricultores resistem ao acordo para manter a preferência por produtos europeus.
Enquanto a França se opõe, a Alemanha, beneficiada na indústria, apoia a união, visando um maior acesso ao mercado do Mercosul. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também demonstra interesse na conclusão do acordo, buscando elevar o status internacional do bloco europeu.
Em termos de benefícios e desvantagens para o Brasil, o acordo representaria um êxito político, fortalecendo a posição do Mercosul em um contexto de incertezas. A concretização poderia resultar em um aumento de até US$ 3 bilhões nas exportações brasileiras de produtos industrializados nos primeiros quatro anos, com impacto positivo em setores como soja, arroz, cana-de-açúcar e carne bovina. No entanto, a ausência de cláusulas ambientais levanta preocupações sobre os impactos ambientais decorrentes do avanço do agronegócio brasileiro. Enquanto grandes produtores se beneficiariam, sindicatos nacionais, incluindo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), temem a competição desigual e a perda de empregos industriais, alimentando receios de um cenário semelhante a um novo colonialismo, onde a América Latina permaneceria como exportadora de commodities enquanto a Europa mantém seu foco na industrialização.
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