Em sabatina à CNN na noite desta sexta-feira (2), a candidata à presidência pelo União Brasil, senadora Soraya Thronicke, disse que “ministros do STF estão agindo com a mão de juiz dentro de questões pessoais” ao comentar o Inquérito 4.781, conhecido como “inquérito das fake news”, aberto de ofício pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação, que corre sob segredo de justiça desde 2019, iniciou com o objetivo de apurar supostas fake news, ameaças e crimes contra a honra que atingissem ministros da Corte e seus familiares. Outros inquéritos foram desmembrados a partir deste para investigar, majoritariamente, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Quando a gente entra numa faculdade de Direito, aprende que quem investiga não é aquele que instrui o processo e que julga. Infelizmente é isso o que está acontecendo”. Ela disse, entretanto, que membros do governo federal abusaram dos seus atos, o que teria desencadeado uma crise institucional entre os poderes. A informação é da Gazeta do Povo. Veja a entrevista completa no vídeo abaixo:
“As questões pessoais ultrapassaram as questões institucionais. Um juiz, que tinha que ser imparcial, não está sendo. Porque foi provocado e porque não consegue administrar tudo isso dentro do pessoal”, disse a senadora em alusão ao ministro Alexandre de Moraes, relator do Inquérito 4.781, porém sem mencionar o nome do ministro.
Soraya reforçou críticas a Bolsonaro, que segundo ela foi responsável por confrontar Moraes, e disse que o Senado – que tem a competência de aceitar e julgar pedidos de impeachment de ministros do Supremo – falhou ao se omitir frente aos alegados abusos. “E aí nós entramos num campo onde ninguém tem razão. E nós, senadores, nos omitimos quando não fomos investigar. Nós, que temos o poder de brecar tudo isso. É o Senado Federal que pode ‘impichar’ ministros do STF, e nós tínhamos um presidente, naquele momento, totalmente omisso, que engavetou todos os pedidos”, afirmou.
Ao comentar Lava Jato, Soraya Thronicke reafirma erros do Supremo
Questionada sobre a Lava Jato e supostas violações de garantias individuais que teriam ocorrido na operação, a presidenciável voltou a dizer que houve erros por parte do Supremo.
“A Lava Jato acertou muito. Para Lula ter sido condenado em três instâncias, e lá em cima, no STF, como aconteceu em alguns processos da Lava Jato, identificarem problemas processuais que derrubaram o julgamento do mérito, eu entendo que o Judiciário, o STF, pode ter errado em alguns momentos”, declarou.
Sobre as supostas violações de garantias, Soraya disse que a operação “fez mais bem para o país do que qualquer mal”. “Se uma ou outra questão processual, que não está no meu julgamento como advogada, tem alguma divergência, isso é periférico. Mas o principal foi feito”, afirmou.
Outros temas abordados
Na sabatina, Soraya também abordou propostas de sua campanha presidencial, em especial na área econômica. Sobre a manutenção do Auxílio Brasil a partir de 2023, a candidata disse que para enfrentar os problemas fiscais decorrentes é essencial a aprovação das reformas tributária e administrativa.
A respeito de sua proposta de Imposto Único Federal, disse que pretende promover uma “justiça contributiva” e, especialmente, evitar sonegação de impostos. Repetiu, também algumas de suas promessas de campanha, como isenção de impostos para quem ganha até cinco salários mínimos e para todos os professores.
No âmbito da política externa, disse que caso eleita sua prioridade seria fazer comércio sem ideologia. “Eu demitiria na hora meu ministro que falasse mal do nosso maior parceiro econômico, que é a China. E também demitiria um ministro da Economia que falasse mal de um parceiro menor, que é o caso da França”, afirmou.
A entrevista faz parte da série de sabatinas com presidenciáveis na CNN. Até o momento, além de Soraya, já foram entrevistados Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Felipe D’Avila (Novo).