Imagem: IMA/Divulgação
Ao menos 215 pessoas —a maioria delas turistas— precisaram de atendimento médico entre ontem e hoje nos municípios de Barra de Santo Antônio e Paripueira, ambos no litoral norte de Alagoas.
Todas tomaram banho nesse período na praia de Carro Quebrado, uma das mais famosas e turísticas do estado, localizada em Barra de Santo Antônio. O banho no local está vetado.
A principal suspeita é que eles tenham sido vítimas de um fenômeno chamado “maré vermelha” (leia mais abaixo), que contamina a água do mar e causa problemas de saúde a quem tem contato com ela.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Barra de Santo Antônio, a procura das pessoas às unidades começou por volta das 16h30 de ontem e, até a manhã de hoje, foram mais de 200 casos. Novos atendimentos ainda estão sendo realizados, e o número vai crescer.
Ainda há relato de que 15 pacientes procuraram unidades de saúde em Paripueira, todas por banho no mesmo local.
Os banhistas apresentaram os seguintes sintomas:
- tosse
- coriza
- obstrução nasal
- dor de garganta
- hiperemia conjuntival (vermelhidão nos olhos)
Instituto apura
O IMA (Instituto do Meio Ambiente) de Alagoas informou que enviou hoje equipes para verificar a possível ocorrência de “maré vermelha” na região.
Segundo o órgão, o relato veio por meio de turistas hospedados em um resort da praia de Carro Quebrado, que apresentaram sintomas possivelmente provocados por toxinas liberadas por algas que compõem a “maré vermelha”.
A recomendação padrão é evitar a recreação em segmentos do mar que apresentem coloração e odor diferentes.
IMA
Segundo o IMA, a “maré vermelha” é um fenômeno provocado pelo crescimento excessivo de algas que podem liberar ou não toxinas.
Entre os principais sintomas estão enjoo, diarreia, irritação e secura nos olhos, além de falta de ar. O fenômeno é provocado pelo aumento da temperatura, salinidade, excesso de nutrientes, além de outros fatores. Carga orgânica elevada contida em efluente doméstico também pode contribuir com o tempo de permanência dessas marés na região, que podem durar entre 12h e 48h.
IMA
O professor Cláudio Sampaio, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), explica que o registro de “marés vermelhos” é antigo e bem conhecido da ciência.
Há registros desse fenômeno na Bíblia! As águas do Nilo se transformaram em sangue e muitos animais morreram, mas nem sempre são tão coloridos, às vezes são discretos.
Cláudio Sampaio
Segundo ele, o fenômeno normalmente está associado a fatores combinados como poluição doméstica, esgoto, águas quentes e ventos que concentram as microalgas.
Microorganismos em grande quantidade podem causar mortes de animais marinhos. E quando morrem, produzem gases e mais substâncias que irritam olhos, pele e mucosas das pessoas que tiveram contato.
Cláudio Sampaio