Nesta terça-feira (30), o presidente Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se encontraram no Palácio do Planalto para discutir o acordo relacionado à construção de um túnel submarino ligando Santos e Guarujá.
O primeiro encontro ocorreu pela manhã entre Tarcísio, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Durante essa reunião, um acordo preliminar para a construção do túnel foi delineado, ficando acertado que seria oficializado à tarde entre Tarcísio e Lula.
O governo federal recuou do plano inicial de prosseguir com a obra do túnel Santos-Guarujá sem a colaboração financeira do estado de São Paulo, que está estimada em cerca de R$ 6 bilhões.
De acordo com informações de fontes próximas às negociações, ficou acertado que a execução da obra contará com recursos equivalentes da União e do Tesouro paulista, com a participação adicional de investidores privados por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP).
A União deverá contribuir com R$ 2,7 bilhões, enquanto São Paulo entrará com outros R$ 2,7 bilhões, possivelmente obtidos por meio de financiamento do BNDES ou de agências internacionais de desenvolvimento.
Embora os estudos estejam em fase final, há a perspectiva de que seja necessário envolver um pequeno aporte adicional de investidores, sendo cogitada uma parceria público-privada com um leilão programado para novembro.
Essa abordagem já estava em discussão entre os governos Lula e Tarcísio, mas enfrentou um contratempo em janeiro. Na época, o presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, comunicou à CNN que a União não contaria mais com os recursos de São Paulo para a obra.
Tarcísio reagiu criticando a postura do governo federal, defendendo a participação do estado no empreendimento e destacando a importância de superar questões políticas em prol da união.
O novo desenho proposto pelo governo federal envolveria o Palácio dos Bandeirantes apenas na cessão do projeto de engenharia pela estatal paulista Dersa e no processo de licenciamento ambiental pela Cetesb. No entanto, para a gestão Tarcísio, essa abordagem poderia causar atrasos na obra, motivo pelo qual São Paulo insistiu em manter o plano anterior.
O túnel submarino entre Santos e Guarujá, uma antiga demanda na Baixada Santista, beneficiará pelo menos 80 mil pessoas diariamente, proporcionando uma alternativa mais rápida para os cerca de 14 mil veículos que fazem o trajeto diário entre as duas cidades.
A previsão é ter uma faixa dedicada para veículos leves sobre trilhos (VLTs), impactando positivamente a mobilidade urbana. Além disso, a obra contribuirá para a redução de 72 mil toneladas de CO2 emitidas anualmente.
No entanto, a questão vai além de aspectos técnicos e financeiros, envolvendo a imagem de Tarcísio como “tocador de obras”. A proposta do Planalto de afastar São Paulo do envolvimento direto na execução do túnel poderia fragilizar essa imagem.
A construção do túnel, que anteriormente seria uma contrapartida para a privatização do Porto de Santos durante o mandato de Tarcísio como ministro, passou por mudanças com a chegada de Lula à presidência. O evento previsto para sexta-feira em Santos é considerado crucial para o governo federal, com potencial para impactar as relações políticas e as perspectivas de 2026.
Com informações de CNN Brasil