O debate sobre a sucessão presidencial no Brasil ganhou novo fôlego após um editorial da revista britânica The Economist defender que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deveria concorrer a um novo mandato em 2026 por causa da idade. O texto, publicado nesta terça-feira (30/12), coloca a questão geracional no centro da discussão política e sugere que candidaturas acima dos 80 anos representam riscos elevados para a estabilidade institucional, mesmo quando se trata de líderes experientes e populares.
A idade de Lula em 2026 representa um risco político?
O editorial compara diretamente o presidente brasileiro ao ex-presidente americano Joe Biden, que também enfrentou questionamentos sobre sua condição física e cognitiva e acabou deixando a disputa à reeleição.
Segundo a publicação, o fato de Lula manter carisma e popularidade não afasta o risco de eventual declínio cognitivo ao longo de um mandato que se estenderia até os 85 anos. Para The Economist, essa incerteza é fator de instabilidade política e pode dificultar a renovação de quadros partidários e a circulação de novas ideias.
O que The Economist afirma sobre Lula?
Além da questão etária, The Economist dedica espaço às críticas à condução econômica do atual governo e ao histórico de escândalos de corrupção. A revista classifica as políticas econômicas do terceiro mandato como “medíocres”, destacando o baixo impulso ao crescimento e dúvidas sobre o equilíbrio fiscal.
O texto recorda também os casos de corrupção que marcaram os dois primeiros mandatos de Lula, observando que parte expressiva da população ainda o associa a investigações e condenações posteriormente anuladas. A revista sustenta que muitos brasileiros não o perdoaram, o que tende a reavivar esses temas em uma eventual campanha de 2026.
Quem pode ocupar o espaço político aberto em 2026?
Outro ponto central do editorial é a avaliação do cenário sucessório e da necessidade de renovação política. Segundo a revista, Lula poderia abrir caminho para uma nova geração de líderes, mas ainda não há sinais claros de preparação de sucessores dentro de seu campo político.
Na direita, a disputa gira em torno do espaço deixado pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por conspiração para golpe de Estado. Mesmo condenado, ele mantém base fiel, especialmente entre evangélicos, e alguns nomes ganham destaque no tabuleiro sucessório:
- Flávio Bolsonaro (PL): apontado pelo pai como possível candidato, mas descrito pela revista como “impopular” e “ineficaz”.
- Tarcísio de Freitas (Republicanos): governador de São Paulo, apresentado como “ponderado” e “democrata”, bem mais jovem que Lula e visto como opção de direita moderada.
Qual é o peso da eleição de 2026 para o futuro do Brasil?
A revista britânica descreve as eleições de 2026 como decisivas para o rumo político do país e como um teste de maturidade democrática. De um lado, está a possibilidade de continuidade de um líder histórico com mais de 80 anos; de outro, a chance de surgimento de uma nova liderança mais jovem, seja de centro, esquerda ou direita.
Nesse contexto, o debate geracional se soma a desafios estruturais como crescimento econômico moderado, responsabilidade fiscal, combate à corrupção e políticas públicas mais eficazes em segurança, saúde e educação. A forma como o sistema político lida com a idade de Lula em 2026 e com a construção de alternativas viáveis será um indicador da capacidade de renovação institucional do país.
FAQ sobre Lula, idade e eleições de 2026
- Lula pode legalmente disputar um quarto mandato em 2026? Sim. Pela legislação atual, a Constituição permite apenas dois mandatos consecutivos. Como Lula retornou ao poder após um intervalo, não há impedimento jurídico para uma nova candidatura em 2026.
- Há outros presidentes com mais de 80 anos em democracias consolidadas? Há casos recentes de líderes com mais de 80 anos, como Joe Biden nos Estados Unidos, cujo desempenho reacendeu o debate sobre idade, saúde e capacidade de governar até o fim do mandato.
- The Economist costuma opinar sobre eleições em outros países? Sim. A revista tem tradição de publicar editoriais analisando cenários políticos e, por vezes, indicando perfis de candidatos considerados mais alinhados a determinados princípios institucionais e econômicos.
- A idade máxima para cargos públicos é regulada por lei no Brasil? Para o cargo de presidente da República, a Constituição estabelece apenas idade mínima, e não um limite máximo. A discussão sobre limite etário, portanto, é política e social, não jurídica.
