A nostalgia muitas vezes distorce a realidade financeira, mas calcular o preço do Chevette hoje prova que o acesso ao automóvel era muito mais restrito e elitizado nas décadas passadas.
Qual era o preço original do Chevette em seu lançamento?
Para tirar o compacto da concessionária em 1973, o comprador desembolsava cerca de 22 mil cruzeiros pelo modelo standard, um valor considerável para o período. Esse montante representava uma barreira financeira imensa e praticamente inalcançável para a grande massa da classe trabalhadora da época.
Como o valor se comparava aos rivais da Ford e Volkswagen?
No cenário competitivo da época, o posicionamento de preços entre os principais modelos populares ajudava a definir claramente o público-alvo de cada montadora, criando uma hierarquia entre opções mais acessíveis, intermediárias e sofisticadas.
| Modelo | Montadora | Preço aproximado (Cr$) | Posicionamento de mercado |
|---|---|---|---|
| Fusca 1500 | Volkswagen | 20.000,00 | Opção mais acessível e líder absoluto de vendas |
| Chevette | Chevrolet | Entre 20.000 e 24.500 | Alternativa intermediária estratégica |
| Corcel | Ford | Acima de 24.500,00 | Modelo mais sofisticado da categoria |
Quanto custaria um Chevette zero km nos dias de hoje?
Ao aplicar a correção monetária por índices oficiais de preços como o IGP-DI, o veículo custaria atualmente algo próximo de R$ 100.000,00. Esse valor posicionaria o antigo “popular” na mesma faixa de preço de carros modernos, incluindo hatches bem equipados e SUVs de entrada, todos com níveis de tecnologia, segurança e conforto muito superiores aos da época:
- Chevrolet Onix (versões intermediárias)
- Hyundai HB20 (versões mais completas)
- Volkswagen Polo
- Fiat Argo
- Renault Kardian
- Fiat Pulse (versões de entrada)
- Volkswagen Tera (SUV de entrada)
Essa comparação evidencia como a percepção de “carro popular” mudou ao longo das décadas, tanto em preço quanto em conteúdo oferecido.
Para aprofundar essa experiência, selecionamos o conteúdo do canal Drink Fuel, que conta com mais de 14,4 mil inscritos e 632 vídeos publicados. No vídeo a seguir, Drink Fuel mostra o Chevette em funcionamento nas ruas, apresenta o interior e comenta como é o uso do carro no dia a dia em 2025:
Quantos salários eram necessários para comprar o carro na época?
A métrica mais impactante surge ao calcular o esforço de trabalho necessário para quitar o bem à vista, considerando a baixa renda média da população. Com o piso salarial de 1973 fixado em Cr$ 312,00, o consumidor precisava juntar mais de 70 salários integrais para adquirir o carro básico da Chevrolet, evidenciando o alto custo relativo mesmo entre os chamados modelos “populares”.
Para efeito de comparação, o Volkswagen Fusca 1500, outro ícone absoluto daquele período, custava em torno de Cr$ 20.000,00, o que ainda exigia aproximadamente 64 salários mínimos para a compra à vista. Mesmo sendo a opção mais acessível do mercado, o Fusca também representava um investimento de longo prazo para o trabalhador brasileiro, reforçando como o automóvel era um bem restrito e altamente planejado naquela época.
Por que a relação custo-benefício atual é superior?
Embora os veículos zero quilômetro pareçam caros, a realidade do mercado evoluiu drasticamente em comparação aos idolatrados anos 70, oferecendo mais por menos. Observe os pontos fundamentais que diferenciam o mercado de ontem do cenário contemporâneo e explicam essa evolução:
- Financiamentos eram extremamente restritos, exigiam entradas altas e juros proibitivos
- A durabilidade dos motores antigos era inferior, exigindo retíficas frequentes e caras
- O consumo de combustível pesava muito mais no orçamento mensal das famílias
Aceitar que o carro nunca foi verdadeiramente barato ajuda a valorizar a segurança, a eficiência e a tecnologia dos modelos que dirigimos atualmente.