Abastecer um Hyundai HB20 hoje exige um planejamento financeiro muito diferente do que era necessário há uma década. Ao analisar a série histórica de preços, percebemos como a desvalorização da moeda e a flutuação do petróleo transformaram o ato de completar o tanque de 50 litros em uma despesa nominalmente muito superior, embora o salário também tenha passado por reajustes.
Qual era o custo exato para encher o tanque em novembro de 2015?
Voltar a novembro de 2015 revela um cenário onde a gasolina comum custava, em média, R$ 3,52 por litro, segundo a série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Naquela época, o proprietário de um HB20 gastava cerca de R$ 176,00 para sair do posto com o tanque cheio (Fonte: gov.br/anp).
Para contextualizar, o salário mínimo vigente em 2015 era de R$ 788,00. Isso significa que um tanque completo comprometia aproximadamente 22,3% da renda mensal de quem recebia o piso nacional, representando uma fatia considerável do orçamento familiar da época.
O que dizem os dados da ANP sobre novembro de 2025?
Avançando para o cenário atual, em novembro de 2025, o preço médio da gasolina nos postos brasileiros atingiu a marca de R$ 6,29 por litro. Para completar os mesmos 50 litros do hatch compacto, o motorista desembolsa agora cerca de R$ 314,50.
Considerando o salário mínimo de 2025 fixado em R$ 1.640,00, o impacto percentual de um tanque cheio é de cerca de 19,1% da renda. Embora a proporção em relação ao salário tenha oscilado levemente para baixo, o valor nominal que sai da carteira quase dobrou, passando de R$ 176 para mais de R$ 300, o que gera a sensação imediata de encarecimento no dia a dia.
O que outros indicadores revelam sobre o custo real de abastecer?
Para ampliar a análise da década, considerar custos de manutenção e gasto por quilômetro torna mais nítido quanto o carro pesa no orçamento mensal:
| Indicador analisado | Novembro 2015 | Novembro 2025 | Diferença no período |
|---|---|---|---|
| Preço médio do etanol por litro (ANP) | R$ 2,36 | R$ 4,21 | +78,4% |
| Custo médio por km rodado com gasolina* | R$ 0,23/km | R$ 0,41/km | +78,2% |
| Preço médio do óleo lubrificante | R$ 19,90 o litro | R$ 34,50 o litro | +73,3% |
| Preço médio de um pneu 14″ para HB20 | R$ 230 | R$ 480 | +108,6% |
| IPVA médio (carro 1.0 popular) | R$ 560 anual | R$ 1.080 anual | +92,8% |
| Custo para rodar 1.000 km/mês com gasolina** | R$ 230 | R$ 410 | +78,2% |
| Gastos anuais estimados com combustível*** | R$ 2.760 | R$ 4.920 | +78,2% |
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Como a inflação e o câmbio influenciaram esses valores?
A comparação direta mostra que, enquanto o salário mínimo aumentou 108% no período (de R$ 788 para R$ 1.640), o preço do combustível subiu cerca de 78% (de R$ 3,52 para R$ 6,29). A percepção de custo elevado permanece porque outros itens da cesta básica e manutenção automotiva (pneus, óleo e peças) sofreram reajustes superiores à inflação oficial em diversos momentos da década.
Além disso, a volatilidade do dólar afeta diretamente o preço na refinaria. Mesmo que o poder de compra do salário mínimo tenha tecnicamente “acompanhado” o combustível neste recorte específico, o custo de vida geral subiu, fazendo com que os R$ 314,50 necessários para abastecer pesem mais na disputa com outras contas essenciais.